Violência o dia todo

Desocupados e usuários de drogas tomam conta da Praça Santos Andrade

Comerciantes e moradores de um dos pontos mais tradicionais de Curitiba reclamam do abandono do local e da violência crescente na Praça Santos Andrade. A principal queixa da população que vive ou trabalha na região central é sobre a falta de segurança a qualquer hora do dia.

Atacada diversas vezes, a confeiteira Neiva Fatima descreve as diversas situações que já passou. “Uma vez me atacaram enquanto saia do trabalho. Uma mulher louca dizendo que roubei os filhos dela partiu pra cima de mim com uma faca na mão. Apenas não aconteceu nada mais grave por que um motorista parou para me ajudar”, lembra Neiva. A confeiteira conta que não existe horário para os loucos da região. “Já chegaram até a urinar no meu pé enquanto abria a panificadora. Mas isso é todo dia. A gente vem trabalhar com medo, por que enfrentar é perigoso”, conta.

Segundo os trabalhadores do entorno da praça, os comerciantes tem trocado comida por sossego. “O pessoal que fica largado ai na praça vem aqui pedir alimento. A prefeitura orienta para não dar nada, para forçar eles a buscarem ajuda na Fundação de Serviço Social (FAS). Mas faz tempo que não vejo nenhum deles por aqui. E se não damos, eles até defecam aqui na frente para se vingar”, conta Vicente Woznicka, que trabalha na Panificadora Lusitana.

Morador de um edifício em frente à praça há quase quarenta anos, o diretor comercial Péres Kreitchmann Júnior, de 39 anos, afirma que o lugar está pior a cada ano. “Lembro quando era criança a gente não podia nem pisar na grama. Hoje em dia você vê o pessoal usando droga sem a menor preocupação”, fala Júnior. Para o morador, a praça precisa urgentemente de mais segurança. “Não é possível um lugar tão útil para a cidade, com tantos edifícios importantes, ficar largado. O mínimo que precisa é de mais policiamento”, diz.

Os edifícios importantes são prédios históricos da capital, como o da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Agência Central dos Correios e o Teatro Guaíra. Porém, outro problema ocorre próximo ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), em frente à Santos Andrade. “A folga da bandidagem chega a um ponto que em dia de pagamento de aposentadoria já socorri idosos que estavam sendo atacados por viciados”, diz Júnior.

Contratos

A prefeitura informou algumas praças estão com a manutenção comprometida, porque a homologação dos contratos das empresas que prestarão este serviço apenas saiu na quinta-feira passada. Com isso, as regiões da Matriz, Bairro Novo, Boa Vista, Cajuru e Pinheirinho devem ser atendidas ao longo de fevereiro. A prefeitura também informou que a Guarda Municipal realiza rondas 24 horas em toda a região central da cidade, o que inclui a Praça Santos Andrade. A Polícia Militar, que também realiza um trabalho preventivo na região, informou que com base nas estatísticas o efetivo é reforçado. De acordo com a PM, muitos crimes não são registrados pelas vítimas, o que atrapalha no mapeamento de regiões afetadas pela criminalidade.

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