Conversa demorada

Policiais apelam pra pizza nas 9h de depoimento de Moro na PF de Curitiba

Nota fiscal das pizzas pedidas para os policiais e procuradores no depoimento do ex-ministro Sérgio Moro em Curitiba. Foto: Colaboração

O depoimento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro à Polícia Federal (PF) em Curitiba durou nove horas neste sábado (2). A oitiva começou por volta das 14h e só terminou por volta de 23h. De tão demorada, policiais e procuradores tiveram de pedir pizzas para matar a fome já de noite. Nesse período todo, só houve duas pausas: uma pras pessoas irem ao banheiro no meio da tarde e de noite, justamente para os participantes se alimentarem.

A oitiva foi marcada pelas discussões entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e do ex-juiz da Lava Jato em frente à sede da corporação no bairro Santa Cândida. Mas mesmo bastante exaltados, nem os manifestantes aguentaram ir até o fim do depoimento. Já no começo da noite eles foram embora.

A pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), Moro prestou depoimento da acusação que fez ao sair do governo federal de que Bolsonaro tentou intervir na PF ao querer mudar o comando da direção para acompanhar de perto investigações.

Já de manhã, os grupos pró-Bolsonaro e pró-Moro trocavam ofensas. Após um manifestante agredir uma equipe de reportagem de uma TV local, a Polícia Militar (PM) teve de separar os dois grupos com um cordão de isolamento. Os apoiadores de Bolsonaro eram cerca de 50 pessoas e estavam em torno de um carro de som, no qual pronunciavam palavas contra o ex-juiz. Já os apoiadores de Moro eram poucos, cerca de dez pessoas.

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Moro chegou para depor pouco antes das 14h. Ele entrou pelos fundos do prédio da PF, frustrando a expectativa dos manifestantes. A chegada inflamou ainda mais os ânimos dos militantes pró-Bolsonaro, que gritaram palavras de ordem contra o ex-ministro.

Mágoa de Moro

Por volta das 18h45, a maioria dos manifestantes que cercavam o prédio da PF saiu do local. Um pouco mais cedo, o grupo pró-Bolsonaro queimou camisetas com as imagens de Moro. Eles cercaram o ato com bandeiras do Brasil, impedindo a imprensa de filmar ou fotografar. Do carro de som, uma mulher anunciou o fim da “República de Curitiba” e o início do “Império de Curitiba”.

De um carro de som, os militantes pró-governo, mais numerosos, cantaram o hino nacional e gritavam palavras de ordem contra Moro, chamado na maior parte do tempo de traidor. “Não fomos nós, foi você que sujou sua biografia”, discursou Marisa Lobo, uma das manifestantes.

Havia idosos e crianças entre os militantes, que na maioria carregava bandeiras do Brasil e usava camisetas pró-Bolsonaro. Alguns estavam sem máscara, equipamento de proteção obrigatório no Paraná para conter o novo coronavírus.

De outro lado, apoiadores da operação Lava Jato tentaram contrapor o discurso majoritário. “Vendiam camisetas do Moro, sobreviviam com a Lava Jato. E foram capazes de ir pra rua queimar a camiseta. Não têm mais moral essas pessoas”, criticou a empresária Simone de Araújo. Menos de dez pessoas integravam o grupo que usava camisetas e carregava faixas a favor da Lava Jato.

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Simone conta que já fez parte do Acampamento Lava Jato, grupo que agora mudou de nome para apoiar Bolsonaro. “Infelizmente a gente caiu na armadilha de novo. Se não fosse Moro, Bolsonaro não estaria na Presidência, o Lula estaria. Isso os bolsonarianos não reconhecem”, diz a empresária.

Apoiador de Lula

Até mesmo um apoiador de Lula queria acompanhar a chegada de Moro à PF. “É a oportunidade de ver ele depor e prestar esclarecimentos ao país, não só em relação a esse episódio da saída do ministério. A divulgação o áudio da presidente Dilma com o Lula foi o estopim de tudo que a gente tá vivendo”, afirma Álvaro Faria, servidor público do estado.


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