Duas das mais importantes pesquisadoras negras do Brasil estão em Curitiba para um seminário na Universidade Federal do Paraná (UFPR), voltado para debater temas que envolvem equidade racial neste fim de semana. Cida Bento, doutora e autora do livro “O Pacto da Branquitude”, e também a doutora Carla Akotirene, um dos maiores nomes dos estudos de interseccionalidade no Brasil, estarão presentes no evento.
O seminário promovido pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (ProAfe) da UFPR acontece em dois dias. Nesta sexta (11), Cida, que é psicóloga e ativista da causa negra, fará a palestra de abertura do seminário com o tema “A Branquitude no Brasil”, às 20 horas. O livro da pensadora faz parte das obras exigidas na área da sociologia do vestibular da UFPR em 2025.
Carla Akotirene faz palestra no sábado (12), às 9 horas, com o tema “Interseccionalidades da mulher negra na academia”. As duas palestras serão transmitidas via YouTube para o público geral.
A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFPR, Romilda Aparecida da Silva, explica a importância do evento. “Tem como propósito não apenas dar visibilidade ao protagonismo das pesquisadoras negras, mas também destacar os avanços científicos, políticos e sociais conquistados por essa população, historicamente marginalizada no espaço acadêmico”, reiterou.
O Seminário, que reunirá pesquisadoras negras de todo o Brasil, acontecerá no Campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no centro. Assim, além das mesas de abertura com Cida Bento e Carla Akotirene, haverá também discussões temáticas, com cerca de 18 sessões temáticas que abordam pesquisas nas mais diversas áreas voltadas às relações étnico-raciais como letramento racial, interseccionalidade, educação antirracista, migração, literatura, políticas afirmativas, comunicação, entre várias outras.
“Temos 114 trabalhos inscritos que serão compartilhados em um momento de troca e divulgação das pesquisas que estão se desenvolvendo no Brasil. Ainda temos como parte do evento a publicação de Ebook onde são apresentados os resumos, possibilitando a essas pesquisadoras um espaço para publicação”, explica Silvia Lima, coordenadora do evento.
Estudos de gênero e raça
O Seminário conta com o apoio da deputada federal Carol Dartora e já se tornou tradição dentro dos estudos de gênero e raça. Na edição de 2024, cerca de 266 pessoas participaram do evento, que contou com 15 grupos de trabalho. A presença de mulheres negras na Universidade vem crescendo, em parte pelas políticas afirmativas. É o que mostram os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep. Segundo o órgão, em 2006, as mulheres negras representavam 28% dos estudantes bolsistas do Prouni nos dez cursos mais procurados no ensino superior. Em 2020, o percentual cresceu para 38%.
“Ter o Seminário estabelecido dentro de uma Instituição acadêmica, sempre foi um sonho. Quando a UFPR aceita o desafio através desse evento de extensão, está afirmando cada vez mais ser um espaço de existência plena, com dignidade, respeito e reconhecimento das questões raciais que permeiam a sociedade brasileira. Apoiar o Pretas Acadêmicas é reafirmar o compromisso com a equidade racial e com a construção de uma universidade que valoriza a produção científica das mulheres negras como parte essencial do avanço do Brasil”, finaliza a coordenadora do Seminário.



