Pedido polêmico

Contra ‘creches clandestinas’, sindicato de escolas particulares quer volta às aulas no Paraná

Foto: Arquivo/Albari Rosa/Gazeta do Povo.

O futuro da educação infantil privada ainda é incerto no Paraná. Nesta segunda-feira (27), o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado (Sinepe) protocolou um ofício a prefeitos e secretários de saúde de 46 municípios, incluindo Curitiba, para que o retorno presencial gradual dos alunos de 0 a 5 anos de idade seja debatido. Ao longo de quatro meses de isolamento social por causa da pandemia de coronavírus, algumas escolas particulares que atendem a essa faixa etária fecharam as portas e a realidade financeira das que permanecem abertas segue na corda bamba. Mesmo assim, segundo o Sinepe, apenas três das 46 cidades onde o sindicato atua aceitaram receber propostas para a reabertura. Enquanto protocolos sanitários não forem formalizados pela administração pública, as crianças continuarão em casa.

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Embora a situação financeira das escolas particulares de educação infantil seja um ponto crítico no pedido pela reabertura presencial, outro fator de preocupação entrou na mira do Sinepe: as chamadas “creches clandestinas”. De acordo com a Esther Cristina Pereira, presidente sindicato, com as escolas fechadas e a maioria dos pais e mães trabalhando fora, por conta a reabertura gradual das empresas e comércios não-essenciais, as crianças estão ficando com pessoas sem preparo, como vizinhas, adolescentes e até professoras de educação infantil que estão fazendo bico. “Se você olhar com atenção no Facebook, vai encontrar esse tipo de serviço sendo oferecido. Até salão de festas de condomínio tem sido destinado para receber crianças durante o horário de trabalho dos pais”, apontou a presidente.

A Esther Pereira diz que há casos em de “vizinhas crecheiras” que tomam conta de cerca de dez crianças ao mesmo tempo. “Não só as vizinhas, mas as professoras também. Nesses locais, onde estão crianças de famílias diferentes, o risco é muito maior do que ficar na escola, que seguirá protocolos”, compara.

O Sinepe diz que o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social já foi duramente afetado, e prolongar isso por tempo indeterminado seria colocar em xeque a continuidade da educação dos pequenos de 0 a 5 anos. “Inicialmente, nossa proposta é que essa retomada seja gradual, priorizando os pais que prestem serviços essenciais. Todas as instituições associadas ao sindicato estão cientes das medidas que serão necessárias nesse retorno”, reforça a Esther.

Conforme explica o Sinepe, o ofício encaminhado aos prefeitos foi elaborado levando todas essas questões em consideração. Também o contexto nacional. Os 46 municípios que receberam o documento foram Curitiba, Araucária, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Candói, Carambeí, Cascavel, Castro, Chopinzinho, Colombo, Dois Vizinhos, Fazenda Rio Grande, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guaíra, Guarapuava, Guaratuba, Ibema, Ivaiporã, Jesuítas, Joaquim Távora, Lapa, Laranjeiras do Sul, Mangueirinha, Manoel Ribas, Marechal Cândido Rondon, Palmas, Palmeira, Palotina, Paranaguá, Pato Branco, Pinhais, Pinhão, Pirai do Sul, Piraquara, Ponta Grossa, Pontal do Paraná, Quatro Barras, Rio Branco do Sul, Rio Negro, São José dos Pinhais, São Mateus do Sul, São Miguel do Iguaçu, Telêmaco Borba, Toledo e União da Vitória.

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“Apenas Foz do Iguaçu, Cascavel e Guarapuava aceitaram debater o tema. Não estamos propondo um retorno imediato, mas ele precisa ser discutido para que se chegue a um entendimento”, ressalta a Esther. Ainda de acordo com ela, a proposta do retorno das escolas está seguindo um longo debate com educadores de outros países. “Realizamos lives com países nos quais as escolas já reabriram, para entender como se dá esse retorno. Não estamos propondo algo sem embasamento”, diz a presidente.

Em Curitiba, por decreto, as aulas presenciais nas escolas estão suspensas até o dia 31 de agosto deste ano. Ainda não há data definida pela prefeitura para a publicação de novo decreto.

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