Praças sem segurança

Comerciantes reclamam que mendigos atrapalham os negócios

Uma das regiões mais importantes e movimentadas do centro histórico de Curitiba está sofrendo com a ação de bandidos e o mau comportamento de moradores de rua que frequentam a área. Segundo comerciantes e trabalhadores da região da Praça Tiradentes e o do Paço da Liberdade, pequenos furtos e mendigos prejudicam os negócios e espalham a sensação de medo entre os frequentadores do coração da cidade.

Quem vive e trabalha na região afirma que, apesar de bem cuidadas, as praças históricas não oferecem segurança. A proprietária de pequena loja de tecido em frente ao prédio do Paço da Liberdade, conta que o principal problema dos lojistas do local é a constante presença de mendigos e desocupados. “Tem uma senhora, que sempre fica em frente ao nosso comércio, que em dias de sol e calor abre suas cobertas e o mau cheiro tomam conta da praça. Uma funcionária que está grávida chega a passar mal com o odor”, conta a empresária, que prefere não se identificar.

Ela também relata que seu estabelecimento comercial é alvo frequente de pequenos furtos. “Volta e meia chega algum marginal, pega algum produto de fácil alcance e sai correndo. Infelizmente isso acontece e está afastando os clientes. Tem cliente que reclama durante a compra e depois não volta. Tem também aqueles que não passam mais por aqui porque a praça está cheia de pedintes. Sei que não é culpa dessas pessoas por estarem na rua, mas podia se fazer algo pra mudar. Além de clientes, isso afasta turistas também”, constata.

Moradores de rua

Jackson Ferreira de Souza, gerente de loja especializada em jogos eletrônicos na região do Paço da Liberdade, observa que todos os dias têm mendigos dormindo na porta de seu estabelecimento durante o horário comercial. “Eles chegam e deitam mesmo, sem cerimônia. E a gente percebe que tem cliente que vem, olha a vitrine, mas não entra por causa dos moradores de rua”, lamenta.

Pessoal usa drogas e álcool

Daniel Derevecki
Muita coisa errada.

Na Praça Tiradentes, marco zero da cidade, a situação não é diferente. Quem trabalha e passa pela praça diariamente reclama da presença maciça de moradores de rua. Segundo relatos, ao longo do dia, mendigos consomem álcool e drogas livremente, e ainda pressionam pedestres a dar esmolas. “É uma verdadeira festa. O pior é na parte da tarde, quando ficam largados pela praça bebendo e fumando de tudo. É um horror. Quase ninguém mais passa pelo centro da praça”, relata o taxista Nivaldo Castro, que trabalha no ponto da Tiradentes há mais de 20 anos.

O motorista também conta que, por causa da situação, o movimento no ponto de táxi caiu consideravelmente nos últimos anos. “As pessoas que costumavam tomar o táxi por aqui agora andam mais um pouco e pegam em outros pontos, em ruas ou praças mais próximas. Como não tem segurança, não tem como passar por aqui. E à noite piora. O movimento é quase zero. Tem muita coisa errada. Durante todo o dia fica um bando de desocupados fazendo rolo. Aqui só tem atividade suspeita”, reclama Nivaldo.

Reclamações

O cobrador Sérgio Ferraz, que trabalha em uma das estações-tubo da Praça Tiradentes, diz que muitos passageiros reclamam dos maus frequentadores do local. “Muito chegam aqui e falam que foram abordados por mendigos e até reclamam que são pressionados a dar esmola. E também acontece muita coisa errada por aqui. Uso de droga e álcool, aqui nas ruas ao redor.A polícia vem e faz uma limpa, mas o pessoal volta no outro dia”, relata.

Mais refor&cce,dil;o no monitoramento

De acordo com a Guarda Municipal de Curitiba, as situações apontadas pelos entrevistados são de conhecimento da corporação. “Temos como prática o monitoramento reforçado e operações simultâneas, aquelas sem data e hora pra acontecer. Essas ações contam sempre com a participação de, no mínimo, três viaturas. Além disso ocorrem as rondas normais, que acontecem diariamente nos principais pontos do centro da nossa cidade”, afirma o inspetor Cláudio Frederico, diretor da Guarda.

Segundo o inspetor, nos próximos meses uma unidade móvel exclusivamente destinada a operações no centro da cidade será destacada para a Praça Tiradentes. “Agora estamos com módulo móvel na Praça Santos Andrade”, diz Frederico.

De acordo com a lei

Em relação à abordagem à população de rua, o inspetor afirma que há ação da Guarda para o encaminhamento dessas pessoas aos órgãos responsáveis. “Temos trabalho específico no qual sempre que encontramos essas pessoas em situação de rua tentamos dar algum encaminhamento. Temos parceria com a FAS (Fundação de Ação Social) para essa ação. E quando existe situação de desacato ou comportamento inadequado, agimos conforme a lei”, explica o diretor.

Procurada durante os três últimos dias pelo Paraná Online, a Polícia Militar não retornou o pedido de entrevista sobre a insegurança no anel central da cidade.

Daniel Derevecki
Problema dos lojistas é a invasão de mendigos e desocupados.
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