Buracos na Estrada do Ganchinho, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, estão causando dor de cabeça para motoristas e moradores da região há anos. O problema no asfalto está em uma área de domínio da concessionária Arteris Litoral Sul, mas uma briga judicial “particular da empresa” acabou deixando o trecho abandonado e quem não tem responsabilidade legal com o problema resolveu intervir.
Um dos primeiros a entrar nesta missão foi o mecânico Marcelo Manoel da Silva, de 48 anos, indignado com o trânsito que o problema causa no local. Por conta própria ele resolveu ajudar e despejou nos buracos cinco carretinhas de caliça. “Passei ontem, vi que está feio de novo, aí trouxe cinco carretas de caliça. Não é só para mim, é para todo mundo que passa por aqui”, explica.
Nesta semana, até um vereador resolveu “tentar ajudar”, chamando a atenção para o problema. Da Costa do Perdeu Piá (União), publicou um vídeo em suas redes sociais ironizando e denunciando o problema na região. No vídeo, é possível vê-lo sentado em uma cadeira de praia, com um guarda-sol e uma vara de pescar.
“Estamos no Sítio Cercado, em Curitiba, a cidade mais inteligente do Brasil e temos um ponto de pesca. O único problema é que fica bem no meio da rua”, diz o vereador no vídeo.
Segundo o mecânico Marcelo da Silva, que tentou ajudar colocando caliça no buraco, além do trânsito, principalmente em horários de pico, ele mesmo já presenciou acidentes no local, o que torna a situação ainda mais grave.
Tão grave que a Prefeitura de Curitiba também resolveu intervir e aguarda liberação da Arteris para realizar obras emergenciais no local para garantir a segurança dos motoristas. “Esta tudo preparado: projeto e mobilização da equipe, mas o município aguarda ainda a liberação da concessionária”, diz uma fonte ligada à Prefeitura ouvida pela Tribuna.
Como assim?
Aí o leitor pode se perguntar: Por que a Prefeitura vai consertar um asfalto que não é sua responsabilidade? Com o perdão do trocadilho, o buraco é mais embaixo. A questão ali é polêmica há muito tempo, com o “B.O.” já bem conhecido em várias esferas da Justiça.
Conforme apurou a reportagem, o local é, de fato, área de domínio da Arteris. Acontece que em um acordo “particular”, a concessionária permitiu que a empresa Debema Administração e Participações construísse na região, sob a condição de que o asfalto no local fosse de sua responsabilidade. A fiscalização desta manutenção, bem como a garantia do serviço, seria dessa empresa.
Acontece que a Debema contratou uma outra empresa para realizar o serviço, que foi entregue e “aprovado”. Mas logo os problemas começaram a aparecer, gerando uma disputa judicial entre a Debema e a empresa contratada, assim como entre a Arteris e a Debema.
A questão é que enquanto esse B.O. se desenrola na Justiça, o povo sofre com o abandono do trecho que deveria ter o asfalto bem feito e funcional. E, de forma automática e, neste caso, injusta, culpa a Prefeitura pelos buracos.
Para o frentista Elson Rodrigues, de 58 anos, não solucionam o problema entendendo devidamente o que acontece no local, apenas “colocam terra”. “Eu acho que a prefeitura, assim como ela cobra impostos, deveria arrumar. Precisam colocar máquina para trabalhar. Como o asfalto foi mal feito, passa caminhão pesado ali e não aguenta”, conta Elson Rodrigues.
Moradores da região afirmam que outras ações emergenciais já foram feitas no local. Eles chegam, “arrumam superficialmente” e, em dias, o problema retorna. A reportagem foi até o local e viu que, mesmo após dias sem chuva em Curitiba, o local permanece com muita água.
E aí, quem vai resolver o B.O.?
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba para entender o que será feito para resolver o problema no local. Em nota, o município afirma que fará uma obra emergencial de reparos na Estrada do Ganchinho, mas aguarda a liberação da Concessionária Arteris, empresa responsável pelo trecho, para iniciar a obra. A Prefeitura deu um prazo de até esta sexta-feira para o aceite, senão vai começar a obra mesmo assim, buscando posteriormente o ressarcimento dos custos.
Em nota, a Arteris afirmou à Tribuna do Paraná que a via marginal localizada no km 113, sentido Sul da BR-116, no Contorno Leste em Curitiba/PR, não está incorporada ao contrato de concessão, desta forma não é responsável pela sua manutenção. Mesmo assim, tirando o sentido da afirmação anterior, a concessionária segue: “A Concessionária recebeu ofício da Prefeitura de Curitiba solicitando autorização para a manutenção do trecho e está analisando o pedido”.
A Tribuna também tentou contato com a empresa Debema Administração e Participações, mas não obteve sucesso até a publicação desta reportagem e está aberta para um eventual posicionamento.
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