Curas grileiros

A igreja tem dedicado nos últimos tempos grande parte de sua capacidade para tratar de assuntos delicados e inteiramente estranhos a sua razão de ser, a fim de atenuar conseqüências ruinosas até na continuidade de sua trajetória no mundo.

Dentre esses temas de elevado teor explosivo estão a pedofilia e o homossexualismo praticados por sacerdotes, em alguns casos dolorosos, sob a intrigante proteção de um manto de silêncio, em tudo incompatível com a sacralidade da religião.

Notícia publicada ontem por este diário estampa nova modalidade do envolvimento de padres em universo antípoda ao que pregam a seus paroquianos. Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí, supostamente dois padres teriam participação na venda de terras públicas no estado.

Há muito se sabe da grilagem de terras devolutas, especialmente nas regiões norte e nordeste, bem assim do acirramento dos ânimos entre grileiros e posseiros, eternas vítimas da violência dos invasores.

Uma área de 500 mil hectares na região do Morro Cabeça, num estado em que quase todas as terras públicas foram apossadas por grileiros, segundo acusam os líderes dos trabalhadores rurais, não teve destino diferente.

A novidade é que entre os grileiros piauienses figuram dois curas católicos que, até prova em contrário, alargaram a dimensão do dilema que aflige a igreja.

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