Critério e moderação

De tanta esmola, o próprio santo chega a desconfiar. Depois de anos de péssimas, ruins e nem tão boas notícias na economia, percebe-se pequena luz no fim do túnel. Afinal, o amargo tributo que milhões de brasileiros pagaram pelo desacerto de inúmeros projetos econômicos aos poucos vai sendo substituído pelas evidências de crescimento responsável e criterioso.

Ordena, porém, a prudência, a mais antiga das virtudes humanas, rigorosa observação das normas elementares da moderação e do espírito crítico, a fim de evitar o açodamento da comemoração extemporânea, cujo sabor final poderá reeditar a amargura de um passado ainda vivo na memória de todos.

A notícia alvissareira vem do BNDES, por meio do presidente Guido Mantega, para quem a instituição federal de fomento tem recursos de sobra. Tanto que uma das metas para 2005 é realizar investimentos em países da América do Sul e Central. Parece incrível, mas foi exatamente assim que Mantega se expressou anteontem.

O BNDES é candidato a emprestar até US$ 200 milhões para a construção de um gasoduto na Argentina, da mesma forma que estuda o financiamento de projetos de infra-estrutura, tais como portos, rodovias e ferrovias no Chile, Colômbia, Peru e República Dominicana.

Um dos projetos praticamente definidos quanto à participação financeira do BNDES é a construção da usina hidrelétrica La Vueltosa, na Venezuela, obra estimada em US$ 128 milhões. O investimento dar-se-á na forma do financiamento da exportação de máquinas e equipamentos fabricados no Brasil.

Por outro lado, foi ventilada no último encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez a intenção dos governos do Brasil e Venezuela de construir uma refinaria na região Nordeste, em parceria da Petrobras com a PDVSA.

Segundo Guido Mantega, o BNDES trabalha com a reserva de US$ 1,9 bilhão para projetos em carteira, assinalando que o momento é propício porque todos os países da América do Sul estão em fase de recuperação e crescimento econômico.

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