CPI define amanhã inicio dos trabalhos das subcomissões

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado reúne-se amanhã para definir quando começarão os trabalhos das oito subcomissões externas, que se deslocarão para cinco estados e para o Uruguai, a fim de ouvir pessoas presas que estariam ligadas ao esquema de lavagem de dinheiro e envio ilegal de divisas para a agência do Banestado em Nova Iorque. A partir do início do seu trabalho, as subcomissões terão prazo de 20 dias para concluir suas investigações e reportá-las ao relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP), que vai sistematizá-las.

Os senadores Magno Malta (PL-ES), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Artur Virgílio (PSDB-AM) e o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) foram designados para ouvir o depoimento de José Arcanjo Ribeiro, o ?Comendador?, preso há quatro meses em Montevidéu. Ele era dono de nove empresas de factory (usadas na antecipação de pagamento de cheques a juros baixos) no Mato Grosso, condenado a sete anos de prisão pela justiça local e que usava contas CC-5, via agência Banestado em Foz do Iguaçu, para enviar dinheiro para o Uruguai, de onde o dinheiro retornava como empréstimo para uma de suas empresas, a ?Aveyron?. ]

Três subcomissões serão deslocadas para o Estado de São Paulo. Na capital, os deputados Dimas Ramalho (PPS-SP), Robson Tuma (PFL-SP) e Iriny Lopes (PT-ES) vão examinar a atuação de empreiteiras em superfaturamentos e denúncias de pagamento de propinas aos ex-prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta, principalmente relativas às obras de construção da avenida Águas Espraiadas e do túnel Ayrton Senna.

Em Campinas, os deputados Doutor Hélio (PDT-SP), Sérgio Miranda (PC do B-MG) e Paulo Kobayashi (PSDB-SP) e o senador Leonel Pavan (PSDB-SC) vão investigar o roteiro de doleiros, que movimentaram a chamada ?Conta Tucano?, que envolve a participação de toda uma família.

Finalmente, em São José do Rio Preto, os senadores Demóstenes Torres (PFL-GO) e Serys Slhessarenko (PT-MT) e os deputados José Carlos Martinez (PTB-PR) e José Rocha (PFL-BA) deverão ouvir o preso Humberto Sestini, que denunciou o ex-governador e deputado Federal Luiz Antonio Fleury Filho por remessa ilegal de divisas para o exterior, via Banestado.

No Rio de Janeiro, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e os deputados Alexandre Santos (PSDB-RJ), Moroni Torgan (PFL-CE) e Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) terão como tarefa fazer um levantamento do esquema conhecido como ?propinoduto? e ouvir dois participantes desse esquema, que se encontravam presos e foram soltos quinta-feira passada ? Alexandre Martins e Reinaldo Pitta. Em Santa Catarina, os senadores Heráclito Fortes (PFL-PI) e Ideli Salvatti (PT-SC) e os deputados Edison Andrino (PMDB-SC) e Custódio Matos (PSDB-MG) vão examinar denúncias do envio de divisas correspondentes a 98 milhões de euros, que estão apreendidos pelas autoridades judiciais da Alemanha, que exigem da justiça brasileira uma carta rogatória explicando a origem dos recursos, que está em exame no Supremo Tribunal Federal, para poder repatria-los.

No Paraná, a subcomissão, formada pelo senador José Jorge (PFL-PE) e os deputados Doutora Clair (PT-PR) e Edardo Sciarra (PFL-PR), terá dois campos de ação: em Curitiba, encontros com a força-tarefa do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Secretaria da Receita Federal e investigação sobre o papel do Procurador da República Carlos Fernando Souza Lima, que teria dificultado algumas investigações e protelado outras para, segundo denúncias chegadas à CPMI do Banestado, proteger a ex-esposa, Vera dos Santos Lima. Além disso, essa mesma subcomissão deverá se deslocar até Foz do Iguaçu, o principal ponto de lavagem de dinheiro e local de origem de envio de dólares para o exterior, via a agência do Banestado para a agência Nova Iorque do mesmo banco.

Finalmente, uma subcomissão, formada pelos deputados Edmar Moreira (PL-MG), Doutor Hélio (PDT-SP) e Dimas Ramalho (PPS-SP), estará encarregada de deslocar-se para Belo Horizonte (Minas Gerais) para investigar as atividades do BEMGE (Banco do Estado de Minas Gerais) e a participação da empreiteira ?Mendes Júnior? no esquema de contas CC-5. O BEMGE foi um dos cinco bancos autorizados pelo Banco Central a operar contas CC-5, para brasileiros residentes no exterior ou empresas no exterior, na sua agência em Foz do Iguaçu ? os outros quatro bancos foram o Banestado, Banco do Brasil, Banco Real e Banco Araucária).

Uma nova subcomissão, a de sistematização, ficará em Brasília encarregada de consolidar o trabalho da primeira fase de investigações, abrangendo a legislação sobre lavagem e remessa de dinheiro para o exterior, as autorizações especiais concedidas pelo Banco Central aos cinco bancos para atuar em contas CC-5 e o comportamento desses bancos no controle dessas contas. Na reunião de amanhã, a CPMI do Banestado deve decidir também a proposta do relator José Mentor de prorrogação, por mais seis meses, dos trabalhos da comissão.

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