Convocação de Palocci para CPI deve nesta terça-feira

A convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para depor na CPI dos Bingos deverá ser aprovada amanhã (13). O requerimento de convocação – apresentado pelo presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB) – receberá provavelmente o voto de apoio dos oito senadores da oposição que integram a CPI. Os sete governistas da comissão vão votar contra, com o argumento de que o ministro deveria ser convidado, e não convocado. Ainda que o pedido seja mesmo aprovado, Palocci só vai comparecer à CPI depois da virada do ano.

Já houve um acordo para que o ministro fosse "espontaneamente" à comissão. Pelo combinado, Palocci deveria acertar a data de seu comparecimento no dia em que Efraim lhe telefonasse. Mas deu tudo errado: além de não responder às ligações do senador, Palocci, quando foi encontrado, se limitou a dizer que preferia ver o requerimento submetido a votação. Com isso, terminou irritando até mesmo os parlamentares da oposição que costumam defendê-lo contra o chamado "fogo amigo" dos petistas.

Ficou provado que a expectativa do ministro era a de rejeitar o requerimento, com o voto do representante do PDT, senador Augusto Botelho (RR). Ele chegou a anunciar seu apoio a Palocci, mas ao que parece mudou de idéia depois de levar um "puxão de orelhas" dos colegas do partido. "Ele está ciente que a sua posição deve ser a da bancada, pela convocação do ministro", alertou o líder Osmar Dias (PDT-PR). "Até porque, se não for assim, todo mundo sabe que o ministro não virá". Tião Viana quer renovar o convite e o depoimento para janeiro. O líder do PFL, senador José Agripino (RN), alega que, se falhou da primeira vez, não há porque endossar novamente essa estratégia. "Os governistas fazem a sua parte e nós fazemos a nossa", alegou. O líder entende que a convocação é, ainda, uma forma de devolver ao presidente Efraim Morais a delegação de marcar o dia do depoimento de Palocci, depois de passar pelo constrangimento de não ter as suas ligações atendidas pelo ministro.

O líder atribui a resistência de Palocci em depor na CPI às várias denúncias de que é alvo, não só agora, mas também na campanha presidencial e quando foi prefeito de Ribeirão Preto. "Só a vinda dele para mostrar o por que de tanto temor", previu. Entre outras acusações, um de seus ex-auxiliares mais próximos, o advogado Rogério Buratti, o denunciou ao Ministério Público e à CPI como intermediador do "mensalão" de R$ 50 mil que a empresa Leão Leão, favorecida pelo superfaturamento nos contratos, pagava ao caixa 2 do PT.

No entender do senador José Jorge (PFL-PE), Palocci deveria saber que quanto mais ele adiar seu depoimento, pior será. "É que vão aparecer outras e novas denúncias", justifificou. Lembrou, por exemplo, das declarações feitas na semana passada à comissão, pelo empresário Roberto Colnaghi, de que Palocci viajou, sim, no seu avião Sêneca, já na condição de ministro, ao contrário do que divulgou a assessoria de comunicação da Fazenda. O avião é o mesmo que teria transportado de Brasília para São Paulo os US$ 3 milhões doados por Cuba para a campanha de Lula. O senador Flávio Arns (PT-PR) tenta convencer o ministro a encaminhar uma carta à CPI esclarecendo porque não quer depor agora. Flávio jura que não conseguiu falar com o ministro, embora tenha recebido a delegação da comissão de acertar o seu comparecimento no último dia 13.

Sua informação não convence, até porque o que não tem faltado, nos últimos dias, é ligação de Palocci para os senadores, inclusive da oposição. De acordo com um parlamentar, ele liga dizendo que está sendo hostilizado no governo e que, se tiver de depor na CPI, deixará o cargo. Já para o líder do PDT, Osmar Dias, ele ligou pedindo o voto do partido para rejeitar o requerimento. Liga ainda, quase todos os dias, para o senador Tião. Não convence, portanto, as explicações de que ignorou as ligações de Arns.

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