Combustível sustentável

Os critérios tardios do comércio internacional, que por unanimidade são ditados pelos países do primeiro mundo às economias periféricas, numa época em que as economias industrializadas pagam pesado ônus pelo desprezo às medidas procrastinadas que agora impõem aos emergentes, nada mais representam que a tentativa de manter em voga a mentalidade dominante dos países ricos sobre os que lutam para alcançar o desenvolvimento.

Mesmo com a inteira justificativa da tese formulada pela União Européia sobre a garantia da sustentabilidade ambiental para a produção de etanol e biodiesel, causa muita estranheza verificar, depois da arrasadora exploração de seus recursos naturais, a recomendação de um capricho que os países industrializados jamais praticaram.

Comenta-se que a União Européia, cujo centro diretivo está localizado em Bruxelas, capital da Bélgica, pressionada por organizações não governamentais ligadas à defesa do meio ambiente, pretende estabelecer como axioma que a produção de etanol trará imensos riscos ao meio ambiente, caso seja obtida a partir de matérias-primas cultivadas em áreas úmidas ou de florestas.

Diz-se também que o poderoso bloco político-econômico passará a exigir dos países produtores, na importação dos chamados combustíveis alternativos, a certificação da eficiência energética da produção, sobretudo, em termos de defesa da biodiversidade.

Os rumores da iniciativa, contudo, ainda não anunciada oficialmente, chegaram ao conhecimento das autoridades brasileiras do setor, cuja primeira reação foi pensar na inviabilidade do projeto de exportar esse tipo de combustível para o mercado europeu. Bruxelas quer também exigir a adoção de providências capazes de limitar a emissão de gases do efeito estufa na produção de etanol, bem como maior eficiência energética da produção até o transporte do biocombustível.

Nesse aspecto, a produção brasileira apresenta um balanço excelente graças à utilização do bagaço da cana na produção de energia. Assim, o etanol permitiria a redução de 80% a 90% das emissões em comparação com a gasolina. Na União Européia e nos Estados Unidos, o percentual não é superior a 35%.

A União Européia, para permitir a importação de biocombustíveis na escala necessária para suprir a produção própria – que será estimulada – exigirá uma espécie de selo ambiental. Desde já, o governo brasileiro deve estar atento às novas vicissitudes do instável comércio mundial.

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