Coisas da República

As previsões sobre a discussão e votação, no Senado, da proposta de extensão do prazo de cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), até 2011, a cada dia ganham um novo ingrediente.

No início da semana de trabalhos na Casa, o presidente Tião Viana (PT-AC) não descartou o prognóstico da demora da discussão do tema, obrigando a mesa diretiva a cancelar o recesso parlamentar de dezembro. O senador se refere à intenção já revelada pelo bloco oposicionista de lançar mão de todos os recursos possíveis para protelar a decisão final.

A não-aprovação da prorrogação da cobrança da CPMF até 31 de dezembro causará problemas sérios para o governo nos primeiros meses do ano. Diante disso, além dos votos da base, o governo se empenha em negociar com os relutantes da oposição algumas fórmulas corretivas, dispondo-se a discutir a repartição da arrecadação com estados e municípios e, a principal razão levantada pelo PSDB, a redução da alíquota de 0,38%.

A bancada de senadores Democratas (DEM) foi a primeira a fechar questão contra a proposta e, ao que parece, não aceita participar de conversas com operadores políticos do Planalto, por ser radicalmente contrária à cobrança do imposto do cheque.

Dessa forma, o governo conta com a fidelidade irrestrita do bloco PT-PMDB (que possui também seus independentes), devendo fazer das tripas coração para amealhar preciosos votos entre os tucanos. Na Câmara, a aprovação da CPMF até 2011 obrigou o governo a liberar cerca de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares ao Orçamento da União. Assim são as coisas na República.

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