CNI confirma forte retomada da atividade industrial

A atividade industrial mostrou uma forte expansão em fevereiro e interrompeu uma tendência de queda por três meses consecutivos, conforme os dados divulgados hoje (4) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que os dados mostram que a indústria conseguiu desovar seus estoques acumulados no final do ano passado e voltou a produzir para atender o aumento da demanda. As horas trabalhadas na indústria, que mostra o ritmo da produção, cresceram 2,08% em fevereiro na comparação com janeiro, já descontando os efeitos sazonais.

Com os dados do primeiro bimestre bem melhores que o esperado, a CNI vai rever, para cima, a previsão de crescimento da economia brasileira e do Produto Interno Bruto (PIB) industrial para este ano.Os novos números devem sair na segunda quinzena deste mês. No fim do ano passado, a CNI projetou um crescimento de 3,3% do PIB nacional e de 4,2% para o industrial. "As perspectivas para os próximos meses são bastante positivas", disse Paulo Mol.

A CNI não vê no aumento da demanda uma ameaça para o controle da inflação. Castelo Branco disse que o nível de utilização da capacidade instalada, em torno de 80%, é bastante confortável para garantir o atendimento da demanda. Ele acredita que as indústrias devem aumentar os investimentos para ampliar a capacidade de produção de suas plantas. "O aumento da economia deve ensejar o aumento dos investimentos", disse, lembrando que tem havido nos últimos meses uma redução nos custos financeiros com a queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e da taxa Selic. Castelo Branco tampouco vê motivos para que o Banco Central reduza o ritmo de corte da Selic por um suposto temor de que o aumento da demanda possa ser uma ameaça ao controle da inflação.

As vendas da indústria, por outro lado, caíram 0,44% no período. O economista da CNI, Paulo Mol, acredita que houve uma acomodação normal das vendas após um período de crescimento intenso nos últimos meses. "Isso não implica perda de dinamismo, tampouco reversão da trajetória de crescimento", garantiu. Ele acredita que os resultados de março já devem mostrar uma recuperação das vendas.

A expansão das horas trabalhadas e a queda nas vendas marcam, de qualquer forma, uma reversão de cenário. Até janeiro, os indicadores industriais mostravam uma recuperação nas vendas reais e uma acomodação da produção, indicando assim, naquele momento, que a indústria estava desovando os produtos em estoque Com a reversão do quadro, a CNI acredita que o cenário abre espaço para a geração de novos empregos no setor, sobretudo no segundo semestre do ano, interrompendo um quadro de estabilidade de quase um ano. Em fevereiro, o número de trabalhadores no setor cresceu 0,40% em relação a janeiro.

Mol afirmou que a indústria está preparada para atender a um aumento da demanda e, assim, evitar uma pressão sobre os preços. O uso da capacidade instalada em fevereiro ficou em 80,9%, pouco acima de janeiro mas 1,8 ponto porcentual abaixo de fevereiro de 2005. "Não há risco de gargalo à produção em 2006, ainda que o ritmo da expansão da atividade industrial se acelere ao longo do ano", avaliou. O chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, acredita que o aumento da produção deve ser puxado, principalmente, pelo crescimento da demanda interna, em função da ampliação do crédito mais barato e da recuperação da renda das famílias.

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