CNI acusa IBGE de ter “superdimensionado” crescimento industrial

Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) contestou hoje (17) os dados da produção industrial relativos a dezembro de 2005, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o crescimento de 2,3% em dezembro na comparação com novembro foi "superdimensionado".

Nota divulgada hoje pela CNI ressalta que dados apurados pela própria entidade, assim como dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) não apontam para uma recuperação tão vigorosa quanto a apurada pelo IBGE. "O importante é a tendência e nós não estamos tendo uma recuperação da indústria tão grande assim", afirmou Castelo Branco. "Corre o risco é de em janeiro os dados (do IBGE) mostrarem um encolhimento na atividade industrial, que não é real. E isso pode prejudicar as decisões de política monetária", ponderou.

A distorção, segundo Castelo Branco, aparece no cálculo chamado pelos técnicos de "dessazonalizado". Esse cálculo torna os meses iguais, de forma que eles podem ser comparados. A CNI, ressaltou Castelo Branco, não questiona a pesquisa do IBGE, mas sim a forma como o instituto "dessazonalizou" o resultado de dezembro.

Ele explica que dois fatores pesaram para que o IBGE apurasse um resultado tão diferente. Em primeiro lugar, dezembro de 2005 teve dois dias úteis a mais do que nos anos anteriores, já que as festas de final de ano caíram em um domingo. Esse efeito, segundo a CNI, não foi considerado pelo IBGE em seu cálculo dessazonalizado. "Dois dias significavam 10% a mais", argumentou Castelo Branco. Assim como no ano passado, ele lembra que em dezembro de 1994, que também teve dois dias a mais, o crescimento dessazonalizado foi maior que nos outros anos.

Em segundo lugar, a CNI avalia que o IBGE utilizou, para chegar ao resultado dessazonalizado, uma série histórica muito longa, que considera um período antes do real. A entidade argumenta que após o Real, o perfil da produção industrial ao longo do mudou. Por isso, a série teria de ser mais curta. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), lembrou Castelo Branco, recomenda que se utilizem séries de 7 a 10 anos.

Voltar ao topo