Ciesp acredita que medidas são insuficientes para crescimento de 5%

O economista-chefe do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Carlos Cavalcanti, disse nesta quinta-feira (23) que as medidas de desoneração dos investimentos anunciadas nesta tarde pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, estão no caminho certo, mas são insuficientes para que o País atinja um crescimento na ordem de 5% em 2007.

"Reclamamos tanto da carga tributária que seria paradoxal falar de uma medida simpática como essa de forma negativa. Desonerações são medidas importantes, sempre louváveis e vão na direção correta", disse, ao avaliar a redução de 24 para 18 meses da compensação de crédito de PIS e Cofins. "Porém, este é apenas o primeiro passo, uma manifestação de boa vontade do governo em busca de um crescimento sustentado a taxas mais elevadas a médio prazo. Infelizmente, em 2007, ainda devemos crescer a uma taxa entre 3% e 3,7% do PIB", acrescentou. Cavalcanti ressaltou, entretanto, que é importante verificar quais são os próximos setores a serem contemplados com desonerações.

Em relação à criação de um fundo com recursos do FGTS para financiar a habitação popular, o economista fez ressalvas. Segundo ele, embora o setor de construção civil contribua para a expansão do PIB industrial, a área não é incorporada no cálculo da produção industrial. "Ou seja, é uma medida muito positiva para o PIB industrial, mas não necessariamente para a produção. Entretanto, alguns setores podem ser beneficiados de forma indireta, como a siderurgia, por exemplo, que fornece materiais para obras", disse.

O economista lembrou ainda que o setor de construção civil, ainda que importante e dinâmico, já havia sido beneficiado neste ano, com a redução do IPI incidente sobre materiais de construção. "Espero que os próximos setores a serem contemplados com desonerações sejam também dinâmicos e propiciem o desenvolvimento econômico", declarou.

Para estimular o crescimento do País, Cavalcanti destacou que juros reais e câmbio devem ficar em patamares mais atrativos para viabilizar investimentos por parte das indústrias e dos exportadores. O economista disse ainda que discussões sobre reforma tributária e marco regulatório devem entrar na pauta do governo. "De qualquer forma, é importante que gradativamente o País busque medidas que propiciem um crescimento sustentado a taxas mais elevadas e interrompa um período de 25 anos de crescimento baixo e de altos e baixos", concluiu.

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