Cesta básica de maio teve deflação de 3,99%

O gasto do curitibano com alimentação básica em maio foi 3,99% inferior ao de abril. Conforme pesquisa divulgada ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), o custo da cesta básica na capital paranaense caiu de R$ 170,33 para R$ 163,53. Foi a primeira redução de preço dos alimentos essenciais nesse ano e a maior desde dezembro de 2000. Com variação negativa de 45,58%, o tomate, que nos meses anteriores pressionou o valor da cesta para cima, foi o responsável direto pela queda no mês passado. “Se o preço do tomate tivesse ficado estável, a cesta teria aumentado 2,8%”, disse o economista Sandro Silva, do Dieese.

“Preços internacionais, variação cambial e aumento das exportações acabaram inibindo o movimento deflacionário esperado desde fevereiro”, comentou o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese. Das dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese, quinze apresentaram recuo no valor da cesta no mês passado. A única que subiu foi a de Aracaju (0,79%). A maior queda ocorreu em Porto Alegre (-5,63%); Curitiba registrou a quinta maior retração. Em valor, a capital paranaense passou de quarto para quinto lugar. São Paulo continua com a cesta mais cara (R$ 175,95), seguido de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. A alimentação mais barata foi encontrada em João Pessoa (R$ 138,35).

Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário para suprir as necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família seria de R$ 1.478,16. Em maio, a cesta básica consumiu 73,78% do salário mínimo líquido. Para uma família com duas crianças, a alimentação essencial comprometeu 2,04 salários mínimos no último mês (R$ 490,59). No ano, a cesta básica acumula variação de 7,46% em Curitiba. Nos últimos doze meses, no entanto, o acumulado é de 31,32% – contra 1,19% nos doze meses anteriores a maio de 2002.

Produtos

Dos treze itens que compõem a cesta, sete tiveram aumento em maio. A maior pressão positiva foi da batata (23,61%), refletindo ainda os prejuízos climáticos do início do ano (forte calor e chuvas) que também afetaram o preço do tomate em meses anteriores. O feijão subiu 8,53%, motivado pela entrada de safra de melhor qualidade. Já a banana ficou 5,69% mais cara, com a retomada das exportações e aumento da demanda interna, em função da quebra na safra paulista. O leite custou 5,50% mais, em decorrência da diminuição na produção por causa do aumento do custo da ração e clima desfavorável. As outras altas foram verificadas na manteiga (3,95%), carne (2,63%) e arroz (0,60%).

A queda do tomate, segundo os técnicos do Dieese, está relacionada à entrada da safra principalmente de São Paulo. “A tendência é de queda nesse mês”, observa Silva. As demais reduções foram reflexo da queda nas cotações internacionais e valorização do real frente ao dólar: açúcar (-6,71%), óleo de soja (-2,77%), farinha de trigo (-2,60%), pão (-2,39%) e café (-1,39%).

Nos cinco primeiros meses de 2003, os produtos que mais subiram em Curitiba foram: batata (72,82%), tomate (36,28%), banana (26,72%) e manteiga (25,68%). Apesar do preço do arroz estar subindo, a expectativa dos técnicos do Dieese é de “forte deflação” da cesta em junho. “Os alimentos que vinham pressionando a inflação vão colaborar para sua redução”, avalia Cordeiro. Porém mesmo com a possibilidade de diminuição do preço dos alimentos, ele considera muito difícil do País atingir a meta inflacionária de 8,5%. O mercado já estima o IPCA de 2003 em 12%. “A meta só será atingida com deflações. Isso pode ocorrer se houver repasse da variação cambial nos preços ao varejo, mas isso acontece em grau baixo, e se o governo mantiver uma retração forte da economia”, considera.

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