Campanha visa aumentar captação de órgãos e tecidos para transplante no PR

No Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, nesta terça-feira, o secretário da Saúde, Cláudio Xavier, anunciou várias medidas para aumentar a captação de órgãos e tecidos no Paraná, em vista do crescimento exponencial e constante das filas de espera para transplantes. Só no ano passado, houve no Paraná um aumento de 22,8% no total de transplantes em relação a 2003.

Segundo o secretário Cláudio Xavier, serão incrementadas campanhas de incentivo à doação de órgãos junto à população, para que a intenção de doar órgãos seja discutida nas famílias. Medidas administrativas gerenciais serão tomadas para aumentar a notificação de morte encefálica e, em conseqüência, a captação de órgãos para transplante.

Também serão criadas organizações de procura de órgãos (OPOs) e de córneas (OPCs) no Estado, como mecanismos auxiliares para efetuar a busca ativa nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e hospitais de potenciais doadores de órgãos e tecidos. Além disso, haverá regulamentação estadual complementar para melhorar o funcionamento das coordenações intra-hospitalares de transplantes dos hospitais do Estado, também com o objetivo de aumentar a captação de órgãos e tecidos.

Campanha

Cláudio Xavier falou sobre as medidas depois de culto ecumênico realizado no auditório da Secretaria da Saúde, que deu início à III Campanha Estadual de Divulgação, Conscientização e Esclarecimento sobre Doação de Órgãos e Tecidos do Paraná.

A campanha se desenvolverá, até o dia 1º de outubro, às 11h, com missa especial em ação de graças na catedral Nossa Senhora da Luz, na Praça Tiradentes, tendo como convidados especiais as famílias de doadores e receptores, e contando com a participação do coral masculino da Escola de Música de Curitiba.

Depois da missa, no dia 1º de outubro, haverá a III Caminhada da Solidariedade, que sairá da catedral em direção à Boca Maldita, onde será realizada a distribuição de panfletos informativos com esclarecimentos ao público e balões vermelhos em formato de coração para as crianças.

Serão usados faixas e cartazes com dizeres referentes à campanha, com a participação e a animação de dois bonecos, um representando o coração e o outro a córnea. Participarão da caminhada um grupo de escoteiros e um grupo de carismáticos da igreja católica do Portão.

Durante toda a semana serão realizadas palestras em escolas estaduais e haverá distribuição de material educativo para marcar a data.

Fila única

A Central Estadual de Transplantes (CET) reúne todas as atividades relacionadas a transplantes, desde o credenciamento dos serviços até a distribuição dos órgãos. Há uma fila única de receptores, por isso não existe a possibilidade de favorecer um paciente em prejuízo de outro.

Um dos maiores problemas que a CET enfrenta é o desconhecimento das pessoas em relação aos mecanismos de doação. ?A decisão de doar ou não os órgãos é da família, por isso cada pessoa deve conversar com seus familiares sobre o seu desejo de ser ou não doador?, lembrou o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Carlos Renato D?Ávila. Um doador pode salvar a vida de muitas pessoas, dependendo da situação de seus órgãos, tecidos e ossos. Este número pode chegar até 50 pessoas beneficiadas.

A maior procura de órgãos no Estado é por rins. Contando apenas pacientes que estão em condições de receber órgãos, até o final do mês passado 4.450 estavam à espera de doador. Em seguida vinham a córnea com 1.426 pacientes à espera, o fígado com 48 pacientes e, por último, o coração com 77 pacientes.

Em 2004 houve no Paraná 612 transplantes de córnea, 20 de coração, 89 de fígado, 248 de rim, 15 de rim junto com pâncreas, e 7 de pâncreas, num total de 991 transplantes. No ano anterior, foram feitos 484 transplantes de córnea, 8 do coração, 92 do fígado, 214 de rim, 7 de rim junto com pâncreas e 2 de pâncreas, num total de 807 transplantes.

Quando a família autoriza a doação, o corpo é totalmente reconstituído, sem nenhum prejuízo para o velamento. Esta é uma garantia dada pela lei 9434, de 1997. ?As pessoas não devem ter medo de doar, pois todo o sistema é muito bem organizado e fiscalizado. Além disso, todos os profissionais envolvidos são extremamente capacitados.

Com o evento esperamos esclarecer o sistema à população e acabar com mitos e medos infundados, como a dúvida em relação ao diagnóstico de morte cerebral?, afirmou Carlos D?Ávila.

Depoimentos

João Luís Nardino continua a trabalhar normalmente, como representante comercial, onze anos depois de ter recebido transplante de coração. ?Quem faz a doação salva outras vidas e quem recebe aumenta a sua expectativa de vida?, observa. Ana Rita Ferreira Rodrigues, 29, espera uma córnea. ?As pessoas devem estar mais atentas à doação. Apesar da dor que causa a perda de um ente querido, uma parte da pessoa continua vivendo em outra pessoa?, ela diz.

Fernando dos Santos Morais, 35, funcionário público, também espera uma córnea. ?A felicidade de quem recebe um órgão e continua vivendo é difícil de exprimir. Quem é beneficiado por um transplante pode continuar estudando ou trabalhando?.

Para Alceu Abrahão Cardoso, 55, aposentado, que espera um transplante de rim, ?a pessoa que recebe um órgão recomeça a sua vida?. Ele diz que deveria haver maior divulgação sobre doação de órgãos nas universidades e nas igrejas, ?para mostrar que não há perigo em doar órgãos?.

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