Câmara pode votar punição a criminoso reincidente

As medidas do pacote de segurança pública com mais chances de serem votadas esta semana na Câmara dão prioridade ao agravamento das punições aos autores de crimes dolosos (com intenção) de homicídio, latrocínio e seqüestro seguido de morte, entre outros. O primeiro projeto da lista de votação é o que impede a liberdade condicional ou a redução de pena ao condenado reincidente em crimes desse tipo. O relator do texto na Câmara, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), não alterou a proposta. Assim, se for aprovado pela Câmara, o projeto será enviado para a sanção presidencial

Segundo o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), autor da proposta, mais de 70% dos detentos voltam a cometer crimes quando deixam a prisão – na maioria dos casos, com grau de violência maior. Entretanto, o projeto enfrenta forte oposição do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que instruiu a bancada do governo a não apoiar a proposta. Dessa forma, a votação será um teste da disposição do Congresso de aprovar medidas para conter o avanço da criminalidade urbana no País.

A segunda proposta da fila, também originária do Senado, prevê a indisponibilidade dos bens de criminosos condenados ou indiciados por crime doloso. Além de garantir reparação econômica às vítimas do delito, a medida tem como objetivo impedir que o produto de atos ilícitos financiem novos crimes. O bloqueio se estende a contas bancárias e bens camuflados em nome de terceiros.

Hoje, muitos criminosos permanecem administrando fortunas e negócios ilícitos mesmo depois de presos. É o caso do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que controla uma fortuna estimada em mais de R$ 5 milhões em fazendas, prédios de apartamentos e lojas.

O parecer sobre a proposta na Câmara acrescentou um dispositivo para que, mesmo em situações em que o criminoso não esteja preso seja possível decretar a indisponibilidade de bens até o fim das investigações. Assim, o texto terá de ser votado pelos senadores de novo.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que prometeu dar prioridade aos projetos da área de segurança neste início de legislatura, pode escolher entre cinco propostas já em condições de ir a plenário, pois foram aprovados em todas as comissões da Casa – ao todo, o pacote contempla dez medidas de endurecimento das leis. As propostas prontas para votação incluem ainda a que estende a presos condenados o benefício da delação premiada – redução de pena em troca de informações que ajudem na investigação policial -; a que cria o Regime Penitenciário de Segurança Máxima (RSM) para combater o crime organizado; e a que autoriza o uso de videoconferência para interrogatório de presos

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