Caixas-pretas do Boeing da Gol serão periciadas em Brasília

As caixas-pretas do Boeing 737-800 da Gol que caiu na floresta amazônica após choque com um jato Legacy já estão em Brasília para serem periciadas. Uma, em bom estado, contém as vozes da cabine do avião, onde ficam o comandante e o co-piloto, que se comunicam com a tripulação. Estão gravados nessa caixa-preta os momentos trágicos finais, de dez ou 15 minutos, desde o choque entre os dois aparelhos e a queda do Boeing. A outra contém os dados do vôo, como velocidade e altitude.

Os quase cem homens das equipes de resgate das vítimas estão tendo dificuldades de toda ordem para localizar e identificar os corpos. Há pedaços de corpos espalhados numa área que pode se estender por 20 a 30 quilômetros, pois o avião aparentemente começou a se desintegrar alguns minutos antes da queda do seu pedaço principal, formado pela cabine e partes da asa e do eixo central.

Para preservar o máximo possível o local de impacto, 20 homens, entre os mais treinados do esquadrão Parasar, elite da Aeronáutica especializada em busca e resgate, dormiram na mata de ontem para hoje. Além da árdua tarefa de busca, eles têm de espantar animais, como raposas, tatus, felinos, aves de rapina e outros predadores da floresta tropical, que atacam ferozmente pedaços de corpos já em decomposição.

As primeiras análises da Aeronáutica levam à suposição de que alguns passageiros, sobretudo os que estavam sem cinto de segurança, podem ter começado a cair logo após o choque com o Legacy, da Embraer, que fazia a mesma rota em sentido contrário. "Faremos o possível para encontrar todos, mas há a possibilidade real de não encontrarmos alguns ou vários", lamentou o brigadeiro Jorge Kersull Filho, da Aeronáutica, que comanda as operações de busca e resgate dos corpos dos 149 passageiros e 6 tripulantes do Boeing.

Alguns integrantes da equipe de resgate estimam que só deverá ser identificada, no máximo, metade dos 155 corpos. Nesse caso, será realizado um enterro simbólico, coletivo, em homenagem às vítimas cujos corpos não foram encontrados. À medida que são resgatados, os corpos estão sendo identificados na Base da Serra do Cachimbo, de onde serão transportados para Brasília para identificação definitiva no IML e entrega dos corpos aos familiares.

A identificação está sendo feita por uma equipe de dez legistas. Por suas características e número de vítimas, o acidente foi o mais devastador da história da aviação brasileira. "O milagre possível ocorreu no instante em que o Legacy pousou com seus passageiros salvos", observou um oficial da Aeronáutica que participa das investigações do acidente.

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