Youssef flagrado com cheque para Janene

  Chuniti kawamura / GPP
Chuniti kawamura / GPP

Alberto Youssef: o doleiro alegou que esqueceu o cheque em seu escritório.

Londrina (Agência Estado) – O doleiro Alberto Youssef, de Londrina, foi um dos personagens centrais da CPI do Banestado, que investigou o esquema de evasão de divisas feito por meio das contas CC-5 abertas na agência do banco em Nova York. O esquema, segundo a CPI, movimentou US$ 35 bilhões entre os anos de 1996 e 1999. O Banestado, que pertencia ao governo do Paraná, foi adquirido pelo Itaú.

Youssef foi apontado ontem, pelo doleiro Toninho da Barcelona, como um dos operadores do "mensalão", por meio da corretora Bônus-Banval, com sede em São Paulo. Segundo Toninho da Barcelona, Youssef foi apresentado à corretora pelo deputado federal José Janene (PP-PR). A CPMI dos Correios comprovou que a Bônus-Banval repassou dinheiro do publicitário mineiro Marcos Valério para o PP.

Por causa de sua participação no esquema, Youssef cumpriu três penas de prisão preventiva, que totalizaram cerca de dois anos, e foi condenado a sete anos de prisão – mas está em liberdade à espera do julgamento do recurso. Sua pena foi atenuada porque ele aceitou colaborar com a Justiça, revelando os verdadeiros titulares das contas mantidas, em nome de "laranjas", no Banestado de Nova York. O acordo, que levou à prisão  alguns diretores do Banestado, prevê que ele não faça declarações públicas.

As investigações sobre o esquema de remessa ilegal de dinheiro ao exterior via Banestado correm em segredo de Justiça. A última prisão de Youssef ocorreu em 2 de novembro de 2003, Dia de Finados, quando ele visitava o túmulo de sua mãe num cemitério de Londrina. Na ocasião, uma força-tarefa da Polícia Federal, comandada pelo delegado Sandro Roberto Viana dos Santos, encontrou em poder do doleiro um cheque de R$ 150 mil, assinado pelo advogado londrinense Vandocir José dos Santos e nominal a José Janene.

O doleiro alegou que o cheque havia sido esquecido em seu escritório e que estava em seu poder para ser devolvido ao advogado. Janene, por sua vez, afirmou que o cheque se referia a um negócio não concretizado com Vandocir.

No verso do cheque havia a anotação: "Caução pela equivalência de US$ 80 mil". "Um cheque não quer dizer nada", afirmou na ocasião o advogado de Youssef, João dos Santos Gomes Filho. Segundo apurou a CPMI, Youssef movimentou em suas contas na agência nova-iorquina do Banestado US$ 383 milhões, pertencentes a 657 depositantes.

Sua convocação pela CPMI dos Correios, junto com a dos também doleiros Haroldo Bicalho e Jader Kalil, chegou a ser cogitada depois que o doleiro Toninho Barcelona foi ouvido em São Paulo por uma delegação de integrantes da comissão, no mês passado. Não houve ainda definição sobre a eventual convocação dos demais doleiros. Youssef não foi ouvido pela CPI do Banestado.

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