Vôo de brasileiros deportados trouxe também paraguaios

Não apenas 11 dos brasileiros barrados na Espanha desembarcaram em São Paulo, mas também 4 paraguaios, que sofreram o mesmo problema em Madri, chegaram ao Brasil no vôo 6827 da Ibéria, totalizando 15 passageiros deportados no avião. Segundo a versão de quatro jovens impedidos de entrar na Espanha há ainda pelo menos 90 brasileiros que aguardam na capital espanhola a volta ao País. Esse grupo estaria retido em uma sala de 30 metros quadrados, ocupada por cerca de 300 estrangeiros barrados no serviço de imigração daquele país desde o dia 4 – além de brasileiros, há chilenos, paraguaios e mexicanos.

"Fomos tratados como cachorros o tempo inteiro. Iria voltar no dia 13, queria só conhecer a capital da Espanha durante oito dias. Mostrei meu cartão de crédito internacional e a carta de recomendação da minha faculdade. Mas, depois de uma hora na espera da fila da Imigração, me falaram que eu não tinha um guia do país, então me jogaram naquela sala imunda do aeroporto", contou o campineiro Everton Willian de Paula Souza, de 19 anos, estudante do segundo ano de Turismo da Unip.

Roberto Gracco, de 20 anos, outro jovem que declarou ser estudante de Turismo da Unip de Campinas (SP), também foi deportado. "Davam comida fria para a gente e só água. Foi horrível, nunca mais quero ir para a Espanha", disse. "Eu também mostrei meu cartão internacional e o seguro de saúde. Mas eles falaram que eu queria trabalhar lá, que minha cara não enganava. Me senti muito humilhado", afirmou.

Outros dois estudantes do Recife (PE) também estavam entre os deportados. Élder Oliveira, de 25 anos, que disse ser aluno de um curso técnico de Turismo, relatou que os guardas pediram a ele uma carta de recomendação do cônsul da Espanha no Brasil. "Eu ia voltar no dia 12, era só uma semana para curtir Madri, conhecer a cidade. Mas o guarda falava na salinha do aeroporto para todos os brasileiros que eles estavam orientados a deixar entrar apenas oito turistas do Brasil por dia em Madri", disse Oliveira, que fez a viagem com o colega Andrews Renoir, de 25 anos, também deportado.

"Não deixaram a gente tomar banho nos dois dias em que estivemos presos. E tem muito brasileiro lá ainda. Tem até dois pesquisadores de uma universidade do Rio que estavam indignados" disse Renoir, em referência aos alunos de mestrado Patrícia Rangel e Pedro Luiz Lima, ambos do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), que estavam em trânsito para Lisboa e foram impedidos de fazer a conexão.

Antes de ouvir os jovens deportados, o Estado conversou com parte da tripulação do vôo 8065. Segundo eles, nas últimas três semanas, todo vôo brasileiro que chega a Madri tem pelo menos "uns 15 brasileiros deportados". Pouco antes do pouso do vôo vindo de Madri, aterrissaram em Guarulhos dois aviões vindos de Londres e Milão – ambos não tinham deportados entre os brasileiros que estavam nos vôos.

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