Tumulto marca primeiro dia do Enem em Belo Horizonte

O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Belo Horizonte foi marcado por um tumulto no principal local de prova da região oeste da cidade. Cerca de 100 candidatos arrombaram os portões do Centro Universitário Newton Paiva, no bairro Grajaú, e de uma unidade em frente e entraram nos prédios da faculdade particular pouco depois das 13 horas. Os candidatos reclamaram de falta de organização e comunicação a respeito do local da prova. A maioria saiu da região de Venda Nova, na zona norte, e teve dificuldades de chegar ao local da prova por causa do trânsito ruim, provocado pela chuva que caiu durante praticamente todo o dia na capital mineira.

A confusão teve início por volta 13h15. Revoltados, aproximadamente 30 candidatos forçaram a abertura do portão do prédio principal e conseguiram romper o cadeado. Em seguida, um ônibus estacionou em frente e outros cerca de 50 candidatos também entraram no prédio. O portão do prédio em frente também já havia sido arrombado. Os invasores foram cercados pelos seguranças da faculdade, e a Polícia Militar foi acionada. Um cordão de isolamento foi feito para impedir que os candidatos atrasados tivessem acesso às salas.

O grupo permaneceu no interior do prédio gritando palavras de ordem: “Queremos prova! Queremos prova!”. Uma hora depois da invasão um policial militar anunciou que os candidatos teriam de deixar o local e o prédio foi evacuado. A unidade próxima também foi desocupada. Não houve violência. Os candidatos barrados permaneceram protestando do lado de fora do prédio e a PM registrou boletim de ocorrência.

“Faltou organização no trânsito, o que não nos permitiu chegar a tempo hábil. E também a localização da prova. Precisei atravessar toda cidade com esse trânsito caótico”, reclamou Bráulio Santos Guimarães, de 20 anos, morador de Venda Nova, na região norte da cidade, que faria o seu primeiro Enem.

“Com esse tempo chuvoso, o trânsito estava horrível, tudo congestionado. Antes as provas eram perto de casa. Agora foi numa região oposta”, disse Carlos Alberto M. Silva, de 38 anos, que também mora em Venda Nova.

Os candidatos também reclamaram de uma feira realizada na avenida que dava acesso à faculdade, o que complicou ainda mais o trânsito e obrigava os veículos a um desvio.

Alice Cristina Brandão, de 21 anos, que esperava tirar uma boa nota no Enem para conseguir ingressar numa universidade federal e estudar Direito, disse que chegou cinco minutos antes do portão fechar, mas recebeu uma informação errada se deslocou para outro prédio. “Quando eu voltei o portão já estava fechado. Saí de casa às 10h30 e mesmo assim não consegui”, lamentou.

A PM repassou o número da ocorrência para os candidatos que foram impedidos de fazer a prova. “O que é provável agora é que eles ingressem na Justiça reivindicando os seus direitos”, afirmou o tenente Antônio José Teodoro.

Uma das primeiras estudantes a deixar o local de prova, Cristiane Siqueira Amantea, 21 anos, disse que o “alvoroço” atrapalhou sua concentração. “A mim e a muita gente que estava na sala”. Cristiane deixou a sala após duas horas e admitiu que “chutou” boa parte das 90 questões de múltipla escolha.

“Tudo bem que é para testar o conhecimento do ensino médio, mas não poderia ser uma prova tão longa”, disse. “Não necessariamente li todas as questões, muitas foram no chutômetro. É muito cansativa a prova do Enem. As questões são grandes demais. Nos outros anos caíam mais coisas da atualidade, mas esse foi mais questões de livro mesmo”.

Dalila dos Santos, 21 anos, que pretende cursar Direito, classificou como “difícil” a prova. “Teve essa fraude e acho que por isso a prova ficou mais complicada. Mas deu para fazer até o fim”, disse.

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