Traficantes barbarizam no Rio, outra vez

Rio – Pela quarta vez este ano, o crime organizado promoveu ataques orquestrados e espalhou o terror em diferentes pontos do Rio, entre a noite de terça-feira e a tarde de ontem. Traficantes queimaram nove ônibus, um carro e uma Kombi lançaram granadas contra dois shoppings, metralharam uma universidade, uma lanchonete e até uma igreja. Dois policiais militares foram executados e outros dois, feridos. A governadora do RJ Rosinha Matheus(PSB) minimizou as ações e deu parabéns à polícia por ter evitado que outros casos acontecessem.

Rosinha disse que, às 21 horas de terça-feira, o serviço de inteligência da polícia soube que os atos ocorreriam. Segundo ela, o policiamento foi reforçado. “Nós não podemos impedir tudo ao mesmo tempo, não podemos adivinhar em qual esquina alguém vai fazer alguma coisa. Nós não estamos reféns da situação. Estaríamos se não estivéssemos fazendo nada”, afirmou.

Pelas informações recebidas, os bandidos tinham a intenção de parar o Rio, impedindo que os ônibus deixassem suas garagens pela manhã. Prentendiam ainda promover um violento motim em presídios de Bangu, durante o qual queimariam colchões.

O secretário de Segurança Pública do RJ, coronel Josias Quintal, acredita que os criminosos agiram em represália ao regime disciplinar mais rigoroso implantado nos presídios de Bangu, os traficantes mais perigosos não podem receber visitas e o controle da entrada e saída de advogados ficou mais rígido, tudo para evitar que mensagens dos presos sejam transmitidas.

Os ataques levaram a cúpula da segurança a se reunir ontem bem cedo. Depois do encontro, Josias Quintal voltou a dizer que a resposta virá com mais repressão ao tráfico. “Alguém vai ter que dobrar os joelhos nessa situação e não vai ser o governo.”

O secretário de Administração Penitenciária do RJ, Astério Pereira dos Santos, afastou a possibilidade de a ordem ter saído de Bangu 1, que tem bloqueadores de celulares, mas não das outras unidades do complexo penitenciário, que ainda não dispõem do equipamento.

A violência começou por volta das 23h30 de anteontem, quando um ônibus foi queimado na Tijuca, zona norte. Por volta das 2h30, uma granada foi lançada por ocupantes de um táxi contra o shopping Rio Sul, em Botafogo, zona sul. A fachada do shopping e uma van que passava por lá na hora foram atingidas. O motorista da van ficou em choque. “Só escutei o estrondo, não vi mais nada. Parei pouco adiante e vi que o carro estava destruído. Na hora, você não pensa nada, não sabe nem se está vivo”, disse.

Justiça condena Maluco a 13 anos

Rio – O Tribunal de Justiça do Rio condenou, ontem, Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”, a 13 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico nas favelas do Jacarezinho, São João e Manguinhos. O traficante, que cumpre pena no Complexo de Bangu, vai entrar com um pedido de habeas corpus. Outras 20 pessoas foram denunciadas pelos mesmos crimes, entre elas o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, condenado a seis anos em dezembro.

O esquema para venda de entorpecentes foi descoberto a partir da interceptação de linhas telefônicas usadas por bandidos. Todos foram julgados e apenas o líder comunitário do Jacarezinho, Antônio Carlos Ferreira Gabriel, o Rumba, foi absolvido por falta de provas. Elias Maluco é acusado também de torturar e assassinar o jornalista Tim Lopes, no dia 2 de junho de 2002.

Em Mato Grosso, o megatraficante Leonardo Dias Mendonça, atualmente preso em Goiânia (GO), foi condenado a 23 anos de prisão por tráfico de drogas. A sentença é da Justiça Federal de Água Boa, em Mato Grosso, e se refere a um processo de 1999 no qual também foi condenado à mesma pena o piloto Osmar Anastácio, preso ontem pela Polícia Federal em São Félix do Xingu, sul do Pará.

Voltar ao topo