Sindicato diz que acidente na P-34 estava ‘anunciado’

O diretor de Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS) da Federação Única dos Petroleiros, Simão Zanardi, afirmou que o acidente ocorrido nesta segunda-feira (5) na plataforma P-34 da Petrobras, que opera no campo de Jubarte, no litoral sul do Espírito Santo, a 130 quilômetros de Vitória “já estava mais do que anunciado”. “Tivemos sorte de não ter acontecido nada até agora e ter sido apenas uma tragédia e não mais”, disse.

Segundo ele, a plataforma está em constante manutenção, desde que entrou em operação há cerca de um ano. “Há quase dois meses a Petrobras vinha mantendo dois hotéis flutuantes ao lado da plataforma, abrigando cerca de 70 técnicos para realizarem a manutenção constante da unidade”, afirmou o sindicalista.

Ainda de acordo com Zanardi, os sindicalistas do Espírito Santo já haviam até mesmo encaminhado à Petrobras um ofício pedindo a parada da plataforma para que ela passasse por uma manutenção encostada num estaleiro, como é de praxe quando ocorrem problemas técnicos. “O que está ocorrendo é uma pressão muito forte da empresa para que sejam cumpridas metas de produção e para colocar em operação o mais rápido possível os campos do pré-sal. É uma saga em busca do óleo a qualquer preço e isso tem sacrificado muito os mergulhadores e especialmente os funcionários terceirizados”, disse.

Segundo ele, apesar de a Petrobras ter investido mais em SMS na atual gestão do que na anterior, estes investimentos ainda não se estendem aos terceirizados. “No ano passado (2008) tivemos 14 mortes, o que é mais do que a metade do que na época do FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Isso demonstra maior cuidado da empresa, mas as mortes são todas de terceirizados.”

A unidade é a primeira a produzir o óleo do pré-sal brasileiro e teve a inauguração deste poço em setembro feita com pompa e participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros. A plataforma produz cerca de 40 mil barris, sendo 15 mil do pré-sal. A P-34, porém, já estava operando há pelo menos um ano no campo de Jubarte, produzindo óleo pesado encontrado acima da camada de sal.