Senador Ramez Tebet morre aos 70 anos

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Tebet empossou Lula no cargo
de presidente da República.

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) faleceu na madrugada de ontem, vítima de infecção respiratória, após ter reação alérgica a um medicamento. Tebet fazia tratamento contra um câncer havia mais de 20 anos. O corpo do parlamentar foi velado até as 9h na Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul. Cerca de 400 pessoas compareceram ao velório. De lá, seguiu em caminhão do Corpo de Bombeiros para Três Lagoas, cidade natal do congressista. O enterro ocorreu por volta das 18h.

Tebet havia sido internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 30 de outubro, com infecção causada por reação alérgica a um medicamento. Ele deixou o Einstein na semana passada e estava em casa. Na sexta-feira, entrou em coma após complicações decorrentes de uma infecção respiratória. Tebet havia completado 70 anos no dia 7.

Na sexta-feira, quando seu estado de saúde se agravou, o peemedebista foi homenageado no Senado. Tebet cumpria seu segundo mandato como senador pelo PMDB. Foi eleito em 1994 e, numa legislatura conturbada, na qual senadores pela primeira vez renunciaram a seus mandatos para escapar do risco de cassação, ganhou projeção nacional ao ser vice-líder do governo e presidir a Comissão de Ética do Senado. Em 2000, foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário. Nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso como ministro da Integração Nacional em junho de 2001, ficou no cargo só por três meses. O motivo de sua saída do Executivo foi a necessidade de assumir a presidência do Senado, após a crise que se abateu sobre a Casa por causa da seqüência de renúncias de lideranças importantes.

Foi então, com a principal casa legislativa brasileira acéfala, que um amplo acordo político de emergência resultou na saída de Tebet do ministério para ser eleito presidente do Senado – posição que ocupou até janeiro de 2003. Coube a ele empossar o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2002, Tebet foi reeleito com a maior votação já obtida por um político de Mato Grosso do Sul: mais de 730 mil votos. Naquela legislatura, ele esteve envolvido com temas importantes da agenda política nacional, como a reforma tributária, e foi o relator da nova Lei de Falências. Também foi escolhido membro titular das duas comissões mais poderosas do Senado: a de Constituição e Justiça e a de Assuntos Econômicos.

Nas últimas eleições, mesmo fragilizado pela doença, Tebet fazia planos de engajar-se na campanha do peemedebista André Puccinelli, que venceu a eleição para governador no Mato Grosso do Sul. Mas mostrava-se desanimado com o cenário nacional. ?Não preciso fazer nenhuma afirmativa para mostrar que estamos diante de uma escalada imoral, antiética, jamais vista na República?, respondeu, ao ser questionado se 2007 seria diferente.

O congressista formou-se em Direito pela Faculdade Nacional do Rio de Janeiro em 1957. Era casado com Fairte Nassar Tebet, com quem teve quatro filhos – Rames Nassar, Simone, Eduarda e Rodrigo.

Homenagens em Brasília e Campo Grande

A Presidência da República divulgou ontem nota de pesar pela morte do senador Ramez Tebet (PMDB-MS), que faleceu na madrugada de ontem, em decorrência de um câncer, em Campo Grande (MS). Na nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que o senador sempre soube honrar o mandato que o povo lhe confiou e ressalta ?seu equilíbrio, correção e a permanente busca pelo entendimento?.

O presidente Renan Calheiros decretou luto oficial no Senado por três dias a partir de ontem. E, ao mesmo tempo, determinou a convocação de uma sessão de homenagem e de pesar pelo desaparecimento do político sul-mato-grossense, a ser realizada na tarde de amanhã, quando a família deverá receber o título de honoris causa, concedido a Tebet pela Universidade do Legislativo (Unilegis), vinculada ao Senado Federal.

O governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, decretou luto oficial por três dias na capital Campo Grande e em todo o estado de Mato Grosso do Sul, pelo falecimento do senador. Em nota oficial, o governador afirma estar ?profundamente consternado?.

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