Brasília – Ao participar de cerimônia do Dia da Bandeira, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), negou-se ontem, a responder quanto tirou do Banco Santos antes da intervenção decretada pelo Banco Central. Ao ser perguntado sobre o assunto, respondeu que tudo o que tinha a dizer já disse na quinta-feira, em nota oficial e que esse era um assunto de sua privacidade. "Tudo o que tinha a dizer disse ontem na nota", afirmou.
Na quinta-feira, Sarney informou ter tirado todo o dinheiro que tinha no Banco Santos antes da intervenção decretada pelo Banco Central (BC), às 22h da última sexta-feira, por problemas de liquidez. Sarney preferiu antecipar suas explicações, diante dos rumores de que uma revista semanal publicará no fim de semana denúncias de que vários aplicadores teriam sido informados com antecedência da operação do BC.
Entres os nomes listados, estariam Sarney e o PT. O partido teria aplicado na instituição os recursos arrecadados para a compra de uma nova sede em São Paulo. Segundo o BC, o Banco Santos sofreu uma onda de saques nos quatro dias que antecederam a intervenção, deixando as contas da instituição negativas em R$ 100 milhões. Amigo de longa data de Edemar Cid Ferreira, dono do Banco Santos, Sarney divulgou no fim da tarde de quinta-feira uma nota informando sobre o saque e alegando ter ficado preocupado com os boatos, publicados por jornais e que circulavam também no mercado financeiro, de que o banco passava por dificuldades.
"Eu, como centenas de correntistas, em face dos rumores publicados na imprensa e existentes na praça sobre o Banco Santos, transferi meus depósitos – produto da venda da minha fazenda Pericumã – para o Banco do Brasil, depósitos estes constantes da minha declaração de Imposto de Renda, há dois anos", informou Sarney em nota à imprensa.
O presidente do PT, José Genoino, confirmou no último fim de semana que o partido centralizava no Banco Santos o dinheiro da nova sede do partido. Na quinta-feira à noite, tesoureiro do PT, Delúbio Soares, negou que o partido tenha retirado da conta do Santos os recursos depositados para aquisição da nova sede do PT. Segundo ele, o saldo total da conta é de R$ 47.548,48. Delúbio também garantiu que jamais fez saque desta conta. Ele explicou que a conta havia sido aberta para o depósito de contribuições voluntárias de filiados e simpatizantes do partido.
Delúbio justificou o saldo baixo da conta por causa da interrupção da campanha para aquisição da sede própria. A campanha foi suspensa em julho, logo depois da polêmica envolvendo a compra, por parte do Banco do Brasil, de ingressos para o show da dupla Zezé di Camargo e Luciano, cuja renda foi revertida para a compra da sede.