Radicais metem medo no FMI

Brasília – A vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Kruger, se reuniu ontem com ministros do governo de luiz Inácio Lula da Silva e demonstrou estar preocupada com as críticas do PT às ações do governo, em especial às reformas da Previdência e tributária. Segundo a ministra Benedita da Silva (Ação Social), que esteve reunida com a vice do FMI, Kruger perguntou como o governo age para contornar as divergências na base governista e não atrapalhar o andamento das reformas.

A ministra respondeu: “Essas divergências fazem parte do jogo de cintura que o governo terá que ter, e o nosso tem, para poder conseguir todos os apoios necessários pelo convencimento”. Apesar da defesa à democracia, o governo tem acionado com freqüência o rolo compressor a partir do Palácio do Planalto. O último exemplo da ação coordenada para evitar críticas às reformas foi dado na semana passada. Os líderes governistas acertaram com o governo que os deputados que se colocarem contra temas da proposta serão substituídos por seus suplentes na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

O FMI tem particular interesse pela aprovação das reformas. Prova disso é o documento divulgado no ano passado após uma das revisões do acordo em curso com o Brasil que insistia, por exemplo, na cobrança previdenciária dos inativos. A reforma tributária, que deve aumentar a arrecadação do governo, também interessa ao Fundo, já que a instituição é clássica defensora de superávits fiscais cada vez maiores para conter a relação entre a dívida pública e as riquezas produzidas pelo país.

Anne Krueger também esteve no Ministério da Fazenda para uma reunião seguida de almoço com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Horas mais tarde, a representante do FMI deu entrevista no Ministério da Fazenda, onde parabenizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela maneira “exemplar” com que vem conduzindo a política macroeconômica e as reformas no País. “Os mercados estão respondendo positivamente a essas políticas, a inflação está caindo e tem ocorrido uma significativa melhora em vários indicadores economicos”, afirmou.

Para que o quadro positivo seja preservado, porém, é necessário avançar com as reformas da Previdência e tributária. “Concordamos sobre a necessidade de persistir com os esforços de reformas para enfrentar os desafios políticos e sociais que surgirão para o Brasil no médio prazo”, disse Krueger. Na sua avaliação, essas reformas ajudarão a fortalecer as finanças públicas, “abrindo espaço para as iniciativas sociais do presidente” e recolocando o Brasil na trilha do crescimento econômico.

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