PT pressiona por Marta no ministério

Foto: Arquivo

Marta Suplicy: ex-prefeita é questão de honra para o partido.

 O PT deve indicar, formalmente, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) para o Ministério da Educação. Em reunião da comissão política do partido, marcada para hoje, os dirigentes petistas farão a ?triagem? das demandas de diversas alas por cargos. Representantes das principais facções abrigados na comissão pretendem endossar ainda outras substituições na seara da legenda, como no Ministério do Desenvolvimento Agrário e na Secretaria Especial de Direitos Humanos.

 Embora pareça inclinado a nomear Marta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem sinais contraditórios, ao mostrar disposição de resistir à pressão feita pela sigla para obter mais espaço no primeiro escalão com a reforma ministerial que deverá ser anunciada depois do carnaval. ?Eles podem até querer, mas quem decide sou eu?, disse, à saída de almoço oferecido no Itamaraty ao presidente da Bolívia, Evo Morales, quando abordado por jornalistas que fizeram perguntas sobre o apetite dos petistas por cargos.

Lula repetiu não ter pressa de concluir as negociações para as mudanças na equipe. Mas uma troca é certa: a do chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, para a cadeira do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

?Estou fazendo reflexões?, afirmou o presidente. Na prática, apesar do interesse dos petistas, a ex-prefeita de São Paulo ainda não recebeu convite de Lula. Se for mesmo para a Esplanada, ela desistirá de disputar, novamente, a Prefeitura, em 2008. Os aliados de Marta avaliam que a troca é proveitosa porque, com a agremiação avariada pelas crises, ela pode tornar-se a candidata natural à sucessão de Lula, na eleição de 2010.

Foi ele que pediu ao PT as indicações – não apenas para os ministérios, como aos cargos nos governos dos Estados. Agora, a cúpula do partido pretende pressionar o governo federal a delimitar o espaço da legenda no latifúndio ministerial: apresentará a lista de apadrinhados a Lula depois da folia. Além de ?rifarem? o ministro da Educação, Fernando Haddad, os dirigentes da sigla indicarão o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) para Desenvolvimento Agrário, no lugar do ministro Guilherme Cassel – também filiado à agremiação – e os ex-deputados federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e estadual Renato Simões (PT-SP) para a Secretaria de Direitos Humanos. O ministro especial dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, pediu para deixar a gestão. Na maioria dos casos, as facções petistas apresentarão indicações duplas ou até triplas.

Dos 34 ministérios, o partido admite a possibilidade de perder apenas um: o da Previdência Social. A pasta é controlada pelo ministro Nelson Machado, considerado pela administração federal um excelente técnico, como Haddad. Numa das últimas reuniões com os petistas, porém, Lula avisou que, provavelmente, terá de ceder a Previdência para o entendimento político. Na partilha do poder, o ministério poderá ir para o PDT e o nome mencionado pela legenda para ocupá-lo, hoje, é o do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi.

Lula vive dias de agonia por causa da reforma. Motivo: apegou-se muito aos chamados ?ministros técnicos?, como Haddad, Machado e o dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. ?Se eu pudesse e não houvesse cotas políticas, ficaria só com os técnicos?, afirmou o presidente, em mais de uma ocasião. ?Eles não dão trabalho, não atacam uns aos outros e o governo funciona.? A mais de um interlocutor, Lula disse estar em dúvida sobre o que fazer com o time técnico. Em alguns casos, planeja usar os colaboradores em outros escalões. Adora, por exemplo, Passos, dos Transportes. Mas o PR quer o retorno do ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), eleito senador.

?Eu não sinto esse clima de disputa de espaço com nossos aliados?, amenizou o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), ao negar as cotoveladas entre os partidos da base aliada. ?Como diz o presidente, nunca, na história deste país, houve relação tão respeitosa entre nós.?

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