Presa quadrilha que levava falsos filhos para os EUA

A Polícia Federal prendeu ontem 17 pessoas envolvidas com o envio ilegal de crianças para os Estados Unidos. O grupo cobrava de US$ 13 mil a US$ 15 mil para fazer filhos de brasileiros que vivem ilegalmente naquele país encontrarem os pais. A Operação Cegonha cumpriu 17 mandados de prisão e 8 de busca e apreensão em São Paulo, Rio, Bahia, Ceará, Tocantins, Maranhão e Pará.

Mais de 100 pessoas podem ter sido enviadas nesse esquema desde 2002. Entre 40 e 50 viagens irregulares de crianças já foram identificadas. A PF investiga agora se o esquema pode ter sido usado também por traficantes de crianças para adoção ilegal.

"Nada é descartado. As crianças vão para os Estados Unidos, mas a própria quadrilha não checa se são realmente os pais das crianças que as recebem", disse o delegado federal Fábio Galvão, responsável pelo inquérito.

A quadrilha é investigada pela PF desde outubro do ano passado. Ela aliciava pessoas de bom nível socioeconômico – no esquema que a PF chama de "matrizes" e "cegonhas" -, que registravam as crianças com dados fraudulentos e pedia o visto no consulado americano do Rio para viajar aos Estados Unidos com a família de férias.

Como não têm dificuldade para conseguir o visto, muitas vezes essas "matrizes" viajavam elas mesmas com as crianças, fazendo papel de "cegonha". Por isso, recebiam da quadrilha cerca de US$ 3 mil.

Outras vezes, essas "matrizes" assinavam autorizações para que outras "cegonhas" viajassem com as crianças. Essas pessoas eram recompensadas com a passagem e cerca de US$ 500,00. Os criminosos traficavam adultos. Eles enviavam brasileiras como babás.

A investigação começou quando uma advogada foi presa no Rio tentando embarcar com uma criança, em outubro. Com ela foi encontrado um cartão da advogada Fátima Eliane Taumaturgo de Mesquita, apontada como a líder da quadrilha. Ela foi presa ontem em Fortaleza. No entanto, segundo o delegado Felício Laterça chefe do núcleo de operação da Delegacia de Imigração, já era investigada desde 1999 pela falsificação de documentos para imigrantes ilegais.

Na mesma época, um outro flagrante foi feito no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Um menino de 12 anos, chorando, disse aos agentes que viajava com falsos pais e não queria embarcar. Os policiais não deixaram a quadrilha perceber que era uma investigação maior e eles continuaram a agir.

PF e o governo americano tentarão localizar os brasileiros que usaram o esquema, que podem ser deportados e ser responsabilizados por tráfico internacional de crianças. O delegado Galvão deve pedir a prisão preventiva dos três acusados mais importantes: Fátima Eliane, Maria Júlia Silva de Oliveira e o sargento da Polícia Militar Billy Grahan Pimenta de Mendonça.

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