Políticos dançam para não perder a cadeira no poder

  Agência Brasil
Agência Brasil

Paulo Hartung: volta ao PMDB, depois
de 15 anos, a pedido pessoal de Lula.

Brasília – Termina hoje o prazo para transferência e filiação de candidatos que pretendem mudar de partido para disputar as eleições de outubro de 2006. O troca-troca partidário de deputados, senadores e governadores tem sido intenso. E chegou ao auge nesta semana.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que estava sem partido, assinou ontem a ficha de filiação ao PMDB, para onde volta depois de 15 anos. E no sábado o governador do Amazonas, Eduardo Braga, participa da festa para comemorar sua chegada ao PMDB, ao qual já se filiou nesta semana. Braga deixou o PPS do deputado federal Roberto Freire (PE), ao qual Hartung também já esteve filiado.

Por trás das duas mudanças está o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hartung atendeu a um pedido pessoal do presidente ao se transferir para o PMDB. "O presidente chamou o Paulo (Hartung) no cantinho e eles tiveram uma conversa decisiva para que essa posição fosse adotada", disse o senador Gerson Camata, segundo quem o governador pode sair candidato a vice-presidente da República na chapa de Lula em 2006.

Já Eduardo Braga trocou de legenda por fidelidade ao presidente Lula. O PPS rompeu com o governo federal e já anunciou que lançará candidato próprio à Presidência da República. Braga, que ajudou a criar o partido no Amazonas, mas é lulista de longa data, preferiu buscar abrigo no PMDB do senador Gilberto Mestrinho, derrotado por ele na eleição para governador em 2002, a ficar onde não gostam de Lula. Braga tem uma dívida de gratidão com o presidente. Foi o governo Lula que viabilizou duas velhas reivindicações amazonenses: a prorrogação dos incentivos da Zona Franca de Manaus e a largada para a construção do gasoduto Coari-Manaus, importante para a economia local.

O PMDB, que tem atraído tanta gente, esperava ganhar mais dois senadores ainda ontem. Na véspera, o ex-presidente do STF Maurício Corrêa, que já foi senador pelo PDT, migrou também para o partido, a convite do ex-presidente Itamar Franco. O PMDB foi o que mais lucrou no troca-troca. Além do reforço de governadores e líderes importantes, tornou-se a maior bancada da Câmara ao ultrapassar o PT: 85 deputados a 83. Na eleição de 2002, os pemedebistas tinham elegido 75 deputados, contra 91 do PT.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou ontem ao deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que permanecerá à frente da autoridade monetária também atendendo a um pedido do presidente Lula. Na quinta-feira, Meirelles havia avançado nas negociações para se filiar ao PTB.

No Congresso, aliás, o troca-troca se intensificou em setembro. Segundo a Agência Brasil, um levantamento da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara mostra que quase 40 parlamentares mudaram de legenda em 30 dias. Chama a atenção a diminuição da bancada petista, que encolheu de 89 para 83 deputados. Além do deputado Miro Teixeira (RJ), que deixou o partido para voltar ao PDT, outros cinco parlamentares foram para o PSOL: Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Orlando Fantazzini (SP), Maria José Maninha (DF) e João Alfredo (CE). Com isso, o PSOL, recém-criado, passa a contar com uma bancada de sete deputados.

Voltar ao topo