Polegar foi solto mesmo acusado de matar 4 em prisão

Mesmo acusado por quatro homicídios dentro da penitenciária de Bangu 1, em 2002, o traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, de 35 anos, teve o comportamento considerado “excelente” pela Secretaria de Administração Penitenciária e progrediu para o regime aberto por decisão do juiz Carlos Borges, da Vara de Execuções Penais (VEP). A afirmação é da promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro, Flávia Abido Alves, que deu o parecer contrário ao benefício.

Líder do tráfico no Morro da Mangueira (zona norte), Polegar não voltou para dormir na cadeia no primeiro dia da progressão e hoje é considerado foragido. “Respeitamos a decisão judicial, mas o MP discorda dela do ponto de vista social e jurídico. A execução penal não pode ser vista de forma simplista e automática. A VEP deveria analisar o mérito do condenado por seu perfil, seu vínculo com uma facção criminosa, os crimes cometidos na cadeia e a evasão anterior quando ele se beneficiou de um livramento condicional para fugir”, declarou a promotora.

Ao contrário do que declarou o juiz que concedeu o benefício a Polegar, Flávia afirma que o MP apresentou em seu parecer contrário à progressão de regime as provas de que o criminoso estaria envolvido junto com outros três detentos na morte de quatro presos. O processo sobre os assassinatos corre na Vara Criminal de Bangu, na zona oeste do Rio. De acordo com a promotora, o juiz decidiu pronunciar os réus, ou seja, levá-los ao Tribunal do Júri.

Flávia acrescenta que a progressão ao regime aberto exigiria uma proposta de trabalho idônea e isto não ocorreu. Anteontem, o juiz Carlos Borges expediu um mandado de prisão contra o traficante. O MP entrou ontem com um recurso contra a decisão da VEP na 2ª instância do Tribunal de Justiça do Rio. Procurado, o juiz não quis se manifestar sobre as declarações da promotora. Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Administração Penitenciária não se pronunciou sobre o conceito “excelente” para Polegar.