Pode ser legal, mas é imoral!

Como é que podemos entender que existam neste País homens tão insensíveis e inconseqüentes?

Como entender essa situação absurda, vendo que não podemos pensar em elevar o salário-mínimo dos trabalhadores brasileiros, nem melhorar os vencimentos dos professores e funcionários públicos em geral, porque corremos o risco de quebrar os cofres da Previdência Social e afundar a já combalida situação econômica nacional, onde contamos hoje com mais de doze milhões de desempregados?

Há oito anos que os remunerados pelos cofres públicos não recebem aumento.

No entanto (é mesmo de pasmar) um deputado federal, homem que foi eleito para zelar pelos interesses do povo e da nação, vem agora advogar o aumento dos próprios subsídios em nada menos que 120%.

É possível uma coisa dessas?

Querer elevar os seus subsídios de R$ 8.200 para R$ 17.600,00?

Pois é isso mesmo que propõe, descaradamente, esse deputado e, ainda, tem o desplante de vir à televisão dizer que o seu procedimento é para preservar a dignidade do exercício parlamentar… Que dignidade é essa que defende o tal cidadão? A “dignidade” de ver muitos brasileiros morrendo de fome, enquanto eles, os senhores deputados, comem caviar?…

Que País é este, Senhor Deus?…

Creiam ou não, é o mesmo País onde, após o presidente eleito ter proposto um pacto social para o combate à fome, apelando para a união nacional, o deputado pernambucano Severino Cavalcanti, primeiro-secretário da Câmara Federal, vem fazer essa proposta imoral e indecente para a fixação salarial dos congressistas, com aumento de 120% sobre os salários vigentes e que deverá ser votada até 15 de dezembro.

Se houver aprovação dessa vergonhosa proposta, os deputados passarão a receber mais de 80 vezes o valor do salário-mínimo que um trabalhador recebe mensalmente. É possível tal aberração?

A proposta até pode ser legal mas é, sem dúvida, imoral, além de gerar aumentos em cascata, pois nesses subsídios dos deputados federais são baseados percentualmente aqueles pagos aos deputados estaduais, sendo que, sobre os destes últimos, são fixados aqueles que devem ser pagos pelas Câmaras Municipais, cujos ganhos, principalmente se olharmos o pouco trabalho feito por grande parte desses políticos, já podemos considerar excessivos… Aqui, é preciso que se diga, existem nobres e honrosas exceções.

O povo brasileiro precisa ser encarado com mais respeito pelos políticos e precisamos dar um basta nos exploradores da nossa boa-fé, que só lembram de nós às vésperas das eleições, quando nos vem pedir votos para serem reeleitos…

É preciso dar um basta em tudo isso!

Harley Clóvis Stocchero

da APL, ALJA, APP, IHGPR e Centro de Letras do Paraná.

Voltar ao topo