Plano para matar Beira-Mar provocou rebelião

Um plano do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, para matar Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e seus cúmplices mais próximos teria sido a causa da rebelião de ontem(11) no presídio Bangu 1, no qual Uê e três comparsas foram assassinados. Segundo a Polícia Civil, Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, traiu Uê, com quem dividia o controle da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), e alertou Beira-Mar. Essa seria a razão para o criminoso ter sido poupado sem um arranhão da chacina. Nenhum integrante da facção Terceiro Comando teria sido atacado.

A rebelião começou por volta das 8h de quarta-feira, quando dois agentes foram dominados por presos. Os rebelados tomaram as chaves dos funcionários e entraram nas galerias dos rivais, com a intenção de assassiná-los.

A rebelião – que durou 23 horas e acabou às 7 horas de hoje, com quatro mortos e um ferido – marca o fim de uma era no tráfico do Rio de Janeiro. O assassinato de Uê e de seus cunhados Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus, e Wanderlei Soares, o Orelha, além de Elpídio Rodrigues Sabino, o Robô, líderes da ADA, provocou uma fusão forçada da facção – agora chefiada por Celsinho – com o Comando Vermelho, sob a liderança de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Depois dos tiros, os presos lançaram colchões em chamas sobre Uê  cujo corpo ficou completamente carbonizado, segundo policiais civis que o viram.

Dado como morto até a manhã de hoje, Marcelo Lucas da Silva, o Café, levou uma facada no braço direito, mas sobreviveu ao ataque. Os oito reféns – seis agentes penitenciários e dois operários que trabalhavam em obra no presídio – passaram todo o tempo algemados a grades, na entrada da galeria principal, com bujões de gás e bombas caseiras ao redor, mas não foram feridos. Eles disseram ter sido ?bem tratados? – dentro das possibilidades – pelos rebelados. Após quase um dia de tensão, um deles foi embora para casa de bicicleta. Uma bandeira vermelha hasteada em uma torre de vigilância pelos presos ontem, simbolizando o domínio do local, foi substituída por uma do Estado do Rio de Janeiro.

?O Terceiro Comando virou purpurina. O Celsinho agora é Comando Vermelho. ADA e CV são um só. Vai ter paz no Rio?, disse um preso a jornalistas, por uma fresta no muro do presídio  uma hora depois da rendição. Os 30 condenados estavam reunidos no pátio, enquanto a polícia fazia a perícia nos corpos dos mortos e vistoriava as celas em busca de armas.

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