Opção terceiro-mundista sob suspeita

A reafirmação de uma política externa terceiro-mundista anunciada pelo presidente Lula na quarta-feira, dia 4, tem encontrado opiniões favoráveis, mas também oposição entre os deputados federais paranaenses. Lula quer intensificar ainda mais o estreitamento de relações do Brasil com outras economias em desenvolvimento e com as mais pobres, mas há quem entenda que pode ser interessante se aproximar de países desenvolvidos, a fim de realizar acordos mais lucrativos. Nos últimos três anos, a prioridade do governo federal foi dada ao Mercosul e à integração sul-americana.

O deputado Dr. Rosinha (PT) vê a política externa de Lula com bons olhos. Para ele, Lula tem sido bem sucedido ao abrir negociações com países árabes e com a África do Sul. "Além disso, o Mercosul, se antes era um bloco de disputa interna, passou a se integrar de forma mais homogênea." Segundo o deputado, atualmente as disputas com a Argentina são mínimas. "Não chegam a 1% das relações comerciais." Ele ressalta também a importância de a entrada da Venezuela no bloco e lembra que há boa possibilidade da Bolívia integrar o Mercosul até o ano que vem.

Dr. Rosinha acredita que o Brasil só passou realmente a ter uma política externa após Lula assumir a presidência. "Não existia antes dele. Fora o governo atual, o País só teve política externa na época do Getúlio Vargas." Ele justifica a opção de Lula, lembrando que o presidente conseguiu construir o G-20, para negociar a inserção no mercado mundial, conseguindo vitórias importantes, ao não aceitar imposições do governo norte-americano e da União Européia.

Mas há também quem entenda que Lula perdeu espaço para Hugo Chávez. Para Gustavo Fruet (PSDB), o venezuelano tomou a frente de Lula, com uma atitude mais agressiva ao buscar um contraponto com os Estados Unidos da América, tentando estabelecer uma nova relação. Fruet acha que é preciso pensar no resultado prático das relações com países em desenvolvimento, observando o que elas trouxeram de resultados em negociações de mercados. Para ele, o Mercosul é residual, não tendo um peso tão grande quanto os Estados Unidos e a Europa.

O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB) entende que a integração com países em desenvolvimento é interessante, para diminuir a fragilidade em negociações internacionais. "Agora, comercialmente, é importante se aproximar de quem possui recursos e tecnologia. Precisamos nos aproximar daqueles países que possamos tirar proveito comercial." Para Serraglio, o desenvolvimento depende daqueles que já avançaram e as relações com países como Estados Unidos, Japão ou a Comunidade Européia podem trazer mais vantagens econômicas, devido à magnitude de suas economias.

Para o deputado Affonso Camargo (PSDB), as relações com outros países devem ser pautadas pela satisfação das necessidades da população e pela necessidade de se criar empregos. "O mais importante é ter claros os objetivos nacionais. "Deve-se negociar com quem trouxer maior benefício, o que é muito conjuntural", afirma.  

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