Nova onda de terror em São Paulo causa sete mortes

Foto: Danilo Verpa/Futura Press

Alvo dos bandidos, policiais trabalham com arma em punho e sob ameaça de ataque iminente.

Dois meses depois da onda de violência que paralisou São Paulo, quando 293 ataques foram registrados entre 12 e 20 de maio, o estado voltou a enfrentar ontem uma onda de ataques. Foram 48 ataques em diferentes pontos de São Paulo, que acertaram 53 alvos e deixaram sete pessoas mortas, segundo balanço divulgado pela secretaria de Segurança Pública, durante entrevista com o secretário Saulo de Castro Abreu Filho. Cinco suspeitos foram presos. Entre os alvos atacados estão duas bases da Polícia Militar, três casas de policiais, cinco revendedoras de veículos, dois supermercados e 16 ônibus, desde as 22h de terça.

Acredita-se que os ataques estejam relacionados à prisão de Emivaldo da Silva Campos, conhecido por ?BH?, ocorrida na noite de terça-feira em São Bernardo do Campo, no Grande ABC. O bandido era considerado pela Polícia Civil a última ?torre externa? do Primeiro Comando da Capital (PCC), que também age com quatro ?torres internas? – dentro dos presídios. As duas fora agiam no interior, em cerca de 200 municípios, e outra na Baixada Santista e também no Grande ABC.

A onda de ataques foi mais intensa na Baixada Santista e no litoral sul do estado, onde quatro pessoas morreram, cinco ônibus foram incendiados e houve ataques a duas agências bancárias e a duas revendedoras de veículos, em Guarujá e Praia Grande. O primeiro ataque foi registrado por volta das 21h30 de terça-feira, na Praia do Itararé, em São Vicente, na divisa com Santos, quando dois motoqueiros atiraram e mataram o filho de um investigador de Mauá, Antonio Leandro Soares Forner, de 19 anos. As outras três mortes foram registradas no Guarujá, quando três vigias de uma empresa de segurança foram mortos a tiros.

Também na noite de terça-feira, um ônibus da Viação Piracicabana foi incendiado na Avenida Senador Dantas. Cerca de dez motoqueiros ordenaram que o motorista parasse e atearam fogo ao veículo. Na Praia Grande, três ônibus de fretamento também foram incendiados durante a madrugada. Já pela manhã, outro ônibus da Piracicabana foi queimado em São Vicente, na altura do Viaduto Mário Covas, no Parque Bitaru. À tarde, duas peruas de lotação, que fazem o transporte de moradores da área continental do município, também foram depredadas.

Na capital paulista, os bandidos depredaram a fachada de uma loja do Pão de Açúcar, na Rua Maria Antonia, região da Consolação, no centro. Incendiários também atacaram, por volta das 2h30, o galpão de uma loja do supermercado Comprebem, cuja loja fica na região da Bela Vista, também no centro da cidade. Nos vidros de ambos os supermercados os criminosos fixaram cartazes nos quais foram escritos: ?Contra a opressão carcerária?.

O Centro de Cidadania do Jaçanã, onde está localizada uma base do Poupatempo, na zona norte da capital, foi atacado pela manhã. Ataques também foram registrados contra agências bancárias, tanto na capital quanto na região do Grande ABC paulista.

Na cidade de Santa Isabel, a câmara municipal, uma delegacia e uma concessionária de veículos foram atacadas. Um tiro estilhaçou a porta de vidro principal da câmara, onde foram jogadas faixas com a inscrição ?Opressão carcerária?. A delegacia foi atacada por dois homens em uma moto, que dispararam seis tiros de calibre 38 contra o prédio. A concessionária de veículos, que fica perto da delegacia, ficou destruída após o ataque, que deixou queimados 18 carros e 7 motos queimados.

PMs atacados

Dois policiais militares, um da Força Tática, identificado como Lorenzo, e outro da 2.ª Companhia do 18.º Batalhão, foram atacados na zona norte da capital paulista. Segundo as primeiras informações, o soldado Odair José Lorenzi, 29 anos, lotado na Força Tática, foi chamado até a porta por uma mulher e, ao atender, acabou metralhado por desconhecidos, morrendo a caminho do pronto-socorro do mesmo bairro. A irmã do policial, Rita de Cássia Lorenzi, 39 anos, que mora na mesma casa, ouviu os tiros, abriu a janela e foi baleada na testa e acabou morrendo também.

Também foram atacadas duas bases da Polícia Militar e três da GCM na capital paulista. Uma das bases da PM pertence à 2.ª Companhia do 13.º Batalhão e fica na Praça Rotary, em Santa Cecília, região central. A outra, do 16.º Batalhão, fica na Rua Flávio Américo Maurano, em Paraisópolis, região do Morumbi, na zona sul. Ocupando quatro carros, bandidos armados atiraram contra duas bases da Guarda Civil Metropolitana no extremo leste da capital paulista. Os ataques ocorreram entre as 2h e 3h desta madrugada.

Ônibus

Dois ônibus foram incendiados na zona oeste na manhã de ontem. Os ataques ocorreram praticamente ao mesmo tempo, por volta das 5h. Outro veículo que fazia a linha Jardim Rincão-Terminal Pirituba foi parado por seis pessoas, que mandaram os passageiros saírem e atearam fogo no veículo. Ninguém ficou ferido nos ataques. O ponto de ônibus do local derreteu com o incêndio. Outros dois ônibus foram incendiados na capital na tarde de ontem. Em Suzano, um ônibus da prefeitura foi queimado no pátio do órgão público. Em Ferraz de Vasconcelos, outro ônibus também foi incendiado. Em Mauá, na região do Grande ABC, houve um ônibus incendiado. O mesmo aconteceu em Diadema. Houve ataques também a ônibus em Guarulhos e Campinas. A onda de violência também chegou ontem à região de Ribeirão Preto, a 310 quilômetros de São Paulo, onde veículos foram baleados, ônibus e um carro foram incendiados.

Governo vai importar bloqueadores

Brasília (AE) – Com a nova onda de violência que está atingindo a capital paulista, o governo pretende procurar alternativas de bloqueadores inteligentes para interromper o sinal das aparelhos celulares nos presídios. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, vai aos Estados Unidos visitar empresas que fornecem bloqueadores de sinal ao Exército Americano. Segundo ele, esses aparelhos seriam ?mais eficientes e mais baratos? e eliminariam o problema de as comunidades vizinhas aos presídios ficarem sem sinal de celular. Seria uma espécie de bloqueador dirigido, definiu o ministro. ?A preocupação principal do governo é cortar o problema pela raiz, impedindo a entrada de celulares nos presídios. Enquanto isso não acontece, devemos fazer um esforço para usar bloqueadores, mas bloqueadores mais inteligentes, que não bloqueiem toda uma comunidade em torno do presídio.?

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