Nélson Jobim diz não se preocupar com frota marítima norte-americana

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse nesta quinta-feira (10) não estar preocupado com a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos. "Não estamos preocupados com isso. Evidentemente, os norte-americanos podem fazer o que bem entenderem, mas fiquem certos de que nas 200 milhas brasileiras a Quarta Frota não participará (entrará)", afirmou Jobim, ao ser questionado se a iniciativa poderia ser interpretada como um sinal de que o governo norte-americano pretende manter a América Latina sob sua área de influência, principalmente após as recentes descobertas de petróleo dentro das 12 milhas do mar territorial brasileiro.

O ministro disse que não conversou com representantes do governo norte-americano sobre o assunto. Ele revelou, no entanto que viajará aos Estados Unidos no final do mês para, entre outros assuntos, discutir o tema com o chefe do Comando do Sul, almirante James Stavridis, a quem está subordinada Quarta Frota.

A Quarta Frota foi criada pela Marinha dos Estados Unidos em 1943 para enfrentar o avanço nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e desativada em 1950, quando a responsabilidade pelas operações navais norte-americanas no Caribe e nas Américas do Sul e Central, com exceção do México, foi incorporada Segunda Frota.

Durante sua visita ao Brasil em maio deste ano, o almirante Stavridis alegou que o principal objetivo para que a Quarta Frota fosse recriada é a possibilidade desta prestar ajuda humanitária e colaborar com a luta contra o terrorismo e o narcotráfico.

A versão foi endossada na última quarta-feira (9) pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, ao receber os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS), João Pedro (PT-AM) e Cristovam Buarque (PDT-DF).

O encontro foi solicitado pelos senadores porque existiam rumores de que a reativação da Quarta Frota teria sido motivada pela descoberta de petróleo a 300 quilômetros da costa marítima brasileira ou por uma tentativa de controlar países da região com governos considerados "incômodos" por Washington, especialmente a Venezuela.

"Depois de ouvir o embaixador dizer que a Quarta Frota teria motivações humanitárias, perguntei ao embaixador quantos médicos fariam parte dela, e também questionei a quantidade de navios e o tipo de atendimento que prestariam ajuda em águas brasileiras. Estranhamente, ele não soube responder", comentou o senador João Pedro.

Sobel teria informado aos senadores que a Quarta Frota não terá navios permanentes e será composta por 120 pessoas baseadas no estado da Flórida.

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