Mulheres de presos tentam invadir Benfica

Rio – Um grupo de mulheres que procuram informações sobre filhos e maridos presos tentou ontem à noite furar o cerco da polícia e invadir a Casa de Custódia de Benfica, no Rio, onde no final de semana ocorreu um motim com 31 mortos. No tumulto, alguns policiais partiram para a agressão, usando cassetetes. A polícia chamou reforço e 12 viaturas foram enviadas ao local. Uma mulher foi presa por desacatato. Mais cedo, aproximadamente 300 mulheres se reuniram e fizeram uma lista com cerca de 100 nomes. O documento foi entregue por uma delas ao assistente social da Casa de Custódia. Ele garantiu que analisará todos os nomes com o objetivo de saber se estão vivos ou não.

Enquanto isso, apenas quatro dos 30 presos mortos na rebelião foram sepultados. O 31.º morto era um agente penitenciário. O diretor do Instituto Médico-Legal (IML), Roger Ancillotti, explicou que 19 presos foram identificados através de impressões digitais. Devido ao avançado estado de decomposição, os corpos dos outros 11 presos teriam de ser reconhecidos pelos parentes, dos quais será colhido material para exame de DNA antes dos sepultamentos. No Caju, os corpos serão enterrados em covas rasas. Como as favelas vizinhas ao cemitério pertecem à facção criminosa apontada como a responsável pelas mortes, foi solicitado reforço de segurança. Em entrevista à Rádio Tupi, a governadora Rosinha Matheus negou que haja mais de 30 mortos na rebelião.

O massacre está sendo encarado no exterior como um fracasso do governo do Rio de Janeiro. Ativistas internacionais alertam sobre a obrigação do Estado de garantir a segurança dos detentos. “O direito internacional é claro: o Estado tem a responsabilidade de garantir a proteção das pessoas sob sua custódia. Ao colocar alguém em prisão, as autoridades precisam garantir não apenas alimentação e saúde a essa pessoa, mas também sua segurança”, afirmou Kenneth Roth, diretor-executivo da Human Rights Watch, uma das principais entidade de defesa dos direitos humanos do mundo.

Voltar ao topo