MP revela que Maluf teve fortuna no exterior

São Paulo – Laudo do Ministério Público de São Paulo revela que Paulo Maluf manteve “vida financeira clandestina” no exterior utilizando-se de uma conta principal – número 334018 – e 27 subcontas, nas quais foram depositados US$ 446,32 milhões em nome dele e familiares. O documento revela que a conta principal foi aberta em Genebra pela offshore Blue Diamond, depois sucedida pela Red Ruby (com sede em Grand Cayman), da qual Maluf era o beneficiário. Nessa conta, ele depositou US$ 294,42 milhões. Em outra, em nome da White Gold, US$ 109,9 milhões.

O ex-prefeito nega ter ativos no exterior. Maluf confirmou que está à disposição da Justiça suíça para depor. Sua mulher, Sylvia, a filha Lygia, a nora Jacquelline Coutinho (mulher de Flávio, filho mais velho dos Maluf) e o genro Maurílio Miguel Curi serão indiciados em inquérito criminal na Polícia Federal. Segundo o MP, Maluf repatriou US$ 92,25 milhões para os cofres da Eucatex S.A., presidida por Flávio. Da ação aberta pela 4.ª Vara da Fazenda, consta que em 9 de janeiro de 1997, Maluf “com absoluta certeza transferiu os recursos ocultados” da Suíça para o Citibank N.A. da Ilha de Jersey e, depois, para o Deutsche Morgan Grenfell.

Entre 29 de julho de 1997 e 2 de fevereiro de 1998, três fundos do Deutsche investiram em debêntures (valores mobiliários) da Eucatex. O diretor do Deutsche Bank de São Paulo e procurador dos fundos no Brasil, Rolf Maria Wiegel, “informou que quem deu as ordens para a aquisição das debêntures foi o administrador dos fundos ou o próprio Morgan Grenfell”. Ele não soube explicar os motivos pelos quais o Morgan, “uma das maiores instituições financeiras do mundo, investiu a fortuna justamente na Eucatex, que estava em estado financeiro crítico”.

Ao pedir a condenação de Maluf – e de 36 outros acusados de desvio de verbas públicas – por enriquecimento ilícito e ato de improbidade administrativa, a Promotoria de Justiça afirmou: “Maluf exigiu e recebeu, entre 1993 e 1998, propina das empreiteiras Mendes Jr., OAS, CBPO e Constran, enriquecendo-se ilegalmente; seus atos ímprobos e criminosos prejudicaram e envergonharam o município e o País.” Para o MP, Maluf “traiu os munícipes de São Paulo, especialmente os mais pobres, pois lhes roubou a possibilidade de terem uma vida melhor”.

Voltar ao topo