Morte por dengue é ‘vergonha’ para País, diz virologista

Foram registrados 536.519 casos da dengue em 2007, um aumento de 200 mil casos em relação a 2006, de acordo com balanço consolidado de janeiro a novembro deste ano divulgado nesta semana pelo Ministério da Saúde. Apesar da magnitude do número, o virologista Hermann Schatzmayr, do Instituto Oswaldo Cruz, diz não se preocupar tanto com a estatística de contaminação, mas sim com o dado de que 136 pessoas morreram no País em 2007 da doença.

"Haver dengue no País não é o pior problema. A vergonha é ter gente morrendo de dengue", afirma. Para Schatzmayr, líder da equipe que pela primeira vez isolou o vírus da dengue no Brasil, em 1986, o grande problema reside no fato de que os diagnósticos muitas vezes são deficientes.

"A dengue é uma doença que, na sua forma hemorrágica, mata muito rápido. Por essa razão, é preciso aprimorar os diagnósticos, que levarão a um melhor tratamento", aponta Schatzmayr, ele mesmo já vitimado duas vezes pela doença. A preocupação do especialista é corroborada pelos números. Com as 136 mortes neste ano por causa da dengue, o Brasil atingiu uma taxa de mortalidade pela doença superior até àquela registrada em 2002, ano do maior pico epidêmico da doença no Brasil. Em 2007, a taxa ficou em 10,7%, quase o dobro daquela verificada em 2002, de 5,5%. O único alento é que, em 2002, ocorreram mais óbitos – 150 contra 136.

O virologista ainda afirma que, pela falta de diagnósticos mais completos, o tratamento de pacientes de dengue acaba sendo incorreto. "Muitas vezes, o médico não sabe, não tem equipamentos, e acha que se trata de uma gripe mais forte. Daí, receita algum remédio e manda o paciente embora", diz.

Embora o diagnóstico mais confiável da doença seja o laboratorial, feito por meio de exames de sangue, muitas vezes, o resultado pode sair depois de a pessoa estar curada. Por isso, aumenta a importância do diagnóstico clínico, feito pelos exames médicos assim que o paciente apresenta os sintomas iniciais da doença (febre alta, dor de cabeça e no corpo). Para Schatzmayr, o ideal é que o médico esteja qualificado para, no exame, excluir a possibilidade de outras doenças e adotar o tratamento mais adequado.

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