O Ministério Público do Trabalho intimou o ex-presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Fernando Perrone, a esclarecer, na segunda-feira, uma declaração feita durante uma palestra no dia 30 de outubro de 2000, na Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) em São Paulo. Na ocasião, Perrone disse que a estatal passaria a funcionar como uma empresa comercial e os aeroportos, como grandes shopping centers.
"A Infraero tem que se perceber agora como uma empresa comercial. Ela migra de uma posição histórica de uma prestadora de serviços públicos exclusivamente pra ser uma empresa comercial", disse Perrone na palestra. Para o procurador Fábio Fernandes, integrante da força-tarefa regional que investiga as companhias aéreas, a declaração pode indicar que a segurança ficou em segundo plano. "Essa concepção de Infraero, concebida nessa época, já indicava que a segurança ficava sempre em segundo ou último plano", afirmou Fernandes.
Nas gravações do evento que foram entregues ao procurador, Perrone falou em mudança na administração da estatal. "O nosso cliente não é o avião. O nosso cliente são as pessoas e as coisas transportadas pelo o avião, são as pessoas que viajam de avião e que trazem as outras pessoas. Hoje, transportando para o aeroporto um conceito de shopping, a gente imagina o quê? Um grande shopping center, com por exemplo grandes lojas de departamento", disse Perrone.