Magoado, Lula prefere radicais do lado de fora

Foz do Iguaçu – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu que esperava outro comportamento dos radicais do PT. Em entrevista à revista Veja e ontem em Foz do Iguaçu, disse esperar que as pessoas ligadas ao seu projeto assumam a responsabilidade de governar.

Ao ser perguntado pela revista, sobre a atuação da senadora Heloísa Helena, Lula respondeu: “Não fiquei chateado. Quando comecei minha vida política, aprendi que tem determinado tipo de gente que é melhor ficar contra você do que a favor. Em 1979, o Celso Furtado me disse uma coisa que permeou minha vida até agora. Ele disse: ?Lula, não se preocupe com o que os ultra-esquerdistas falam. Porque, no fundo, eles são um alerta do caminho que você não deve seguir. Mas, ao mesmo tempo, não permitem que você vá muito para a direita?. No fundo, eles te ajudam a continuar no caminho do meio”, disse.

Em contrapartida, Lula afirmou que o trabalho com amigos de longos anos dá a ele grande tranqüilidade. Perguntado sobre surpresas positivas entre os integrantes de seu ministério, o presidente afirmou ter uma relação mais que excelente com Ciro Gomes (Integração Nacional). “Ele tem sido de uma competência, de uma lealdade e de uma dedicação estupendas. Toda vez que é chamado para o debate tem sua contribuição para dar”, disse.

Em Foz do Iguaçu, Lula aproveitou o encontro com o presidente do Paraguai Nicanor Duarte, e do Equador, Lucio Gutierrez, em Itaipu, para dizer que governar não é tão maravilhoso quanto os candidatos pensam. Por ser mais experiente que seus dois colegas, o paraguaio tem dois dias de mandato e o equatoriano, seis meses, Lula se fez de conselheiro. “Nem tudo é tão maravilhoso quanto pensávamos que fosse. Quando nós governamos, o único dia que não tem problema é o dia da posse. Nossos problemas começam no dia seguinte. E os problemas econômicos são mais graves do que denunciávamos na campanha”, afirmou.

Lula estava bem-humorado. Fez várias brincadeiras e conseguiu arrancar risos da platéia, formada por políticos brasileiros e paraguaios, técnicos dos dois países.

Ao se queixar de que não é fácil governar, Lula referia-se principalmente aos problemas internos que vem enfrentando para fazer as reformas, por causa dos protestos dos servidores públicos e da atuação dos radicais de seu partido. O PT vai perder três deputados (João Batista de Araújo, o Babá; Luciana Genro e João Fontes) e uma senadora (Heloísa Helena), que serão expulsos no mês que vem, por fazerem violenta oposição ao governo. Sem contar que oito deputados petistas teimam em não votar as reformas, o que causará a eles alguma punição, possivelmente, a suspensão por um ano e perda da legenda para se candidatar às eleições municipais de 2004.

O presidente brasileiro aproveitou sua visita à Itaipu para fazer o plantio de um Ipê Roxo no Bosque dos Visitantes.

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