Luziânia: polícia investiga cúmplice em assassinatos

A polícia já trabalha com a possibilidade de o pedreiro Admar de Jesus, de 40 anos, que confessou ontem ter matado seis adolescentes em Luziânia, ter tido colaboração para realizar o crime. A hipótese está sendo aventada pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de Goiás, que trabalham juntas no caso porque, pelo que se conhece dos assassinatos até agora, seria difícil para uma só pessoa matar, arrastar e enterrar as vítimas em local de difícil acesso. Os corpos dos meninos foram encontrados na periferia de Luziânia, em uma mata próxima a um córrego.

A polícia também não descarta a ajuda porque Jesus teria distribuído pertences das vítimas, como celulares e bicicletas, a parentes e amigos. Foi por conta de um celular de um dos garotos que o assassino confesso deu a irmã que ele acabou sendo capturado. A polícia rastreou o número desse celular e fez campana por 10 dias nas regiões onde morava e frequentava o pedreiro. Além de Jesus, outras três pessoas de sua relação pessoal estão detidas: uma irmã, um amigo e um conhecido. A prisão foi ontem à noite, quando ele confessou o crime e indicou o lugar onde estariam dois dos corpos.

Hoje de manhã, com a indicação do pedreiro, a polícia localizou os demais quatro corpos dos meninos, que desapareceram entre 30 de dezembro do ano passado e 23 de janeiro deste ano. A decomposição dos corpos já está em estado avançado e, por isso, a perícia está fazendo a necropsia para garantir a identificação exata de cada um deles. Alguns deverão ser submetidos a testes de DNA para haver a confirmação da identidade. Apenas um dos corpos estava mais preservado porque foi enterrado na margem do córrego, e a lama, segundo especialistas, teria ajudado na preservação.

Jesus já prestou o primeiro depoimento à polícia, mas o documento ainda não foi divulgado. Condenado por pedofilia, cumpriu quatro anos de pena no Presídio da Papuda, em Brasília, e estava em liberdade condicional. Ele foi solto em dezembro e, uma semana depois, teria começado o assassinato em série dos adolescentes que tinham entre 13 e 19 anos.

Revolta

Houve ameaça de linchamento e, por isso, o pedreiro foi transferido para Goiânia, onde ficará à disposição da polícia. “Não é um ser humano. É uma pessoa demoníaca”, disse a mãe de Flávio Augusto dos Santos, de 14 anos, Valdirene Fernandes dos Santos. “Como ele, deve haver outros à solta. A luta não termina aqui, vamos continuar essa luta para que outras mães não passem pelo mesmo sofrimento”, acrescentou, emocionada, após visitar o Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia.

Chegou hoje à cidade uma comitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de crianças e desaparecidos da Câmara dos Deputados, integrada pela deputada Bel Mesquita (PMDB-PA), presidente da comissão, e pelo deputado Geraldo Pudim (PR-RJ).

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