Sob pressão de aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou ontem uma série de comícios pelo nordeste e norte, ocasiões em que aparecerá ao lado de sanguessugas, mensaleiros e acusados de desvio de verba pública que concorrem nestas eleições e desejam colar suas imagens à do bem-avaliado candidato à reeleição.
Hoje, por exemplo, Lula tinha comícios em Natal e Aracaju, onde poderia ver, no mesmo palanque, Nélio Dias (PP-RN) Cleonâncio Fonseca (PP-SE) e Heleno Silva (PL-SE), deputados federais acusados de integrar a máfia dos sanguessugas – esquema para fraudar licitações destinadas à compra de ambulâncias com dinheiro do Orçamento da União. Em Natal, Lula pediria votos para a governadora-candidata Wilma Maia, do PSB, e para o senador Fernando Bezerra (PTB).
?Essa investida do presidente nos palanques freqüentados por mensaleiros, sanguessugas e outros não visa apenas a beneficiar os candidatos nos Estados, mas a ele também?, diz o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília. ?Lula tem perdido alguns pontinhos e isso o preocupa. Quer reconquistá-los.? A partir de agora, no palanque cabem todos. ?Nesta reta final, é o vale-tudo e o Deus por todos. Chegou a hora de perder a vergonha para garantir governabilidade num provável segundo mandato.?
Hoje, em João Pessoa, Lula se encontra com o maior magote de sanguessugas do Nordeste: Ney Suassuna (PMDB), Enivaldo Ribeiro (PP), Marcondes Gadelha (PSB), Ricardo Rique (PL), Wellington Roberto (PL) e Carlos Dunga (PTB).
Hoje, o presidente segue para Belém, onde dividirá a cena com um suspeito no mensalão, o ex-líder do PT, Paulo Rocha. Verá ainda o deputado Jader Barbalho (PMDB), de seu conselho político, acusado de desvio de verba da extinta Sudam e do Banco do Pará.