Lula minimiza polêmica sobre nova data da posse

Brasília

(Das Agências) – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou ontem uma ducha fria sobre a polêmica a respeito da sua posse. Ele afirmou que não quer criar polêmica sobre a transferência do dia da posse, programada para o dia 1.º de janeiro de 2003. “Tanto faz. Eu tomo posse no dia 6, no dia 1º ou no dia 29, se for o caso”, afirmou.

Para o presidente eleito, a Assembléia Constituinte de 1988 optou por essa data para combinar o fim do ano fiscal com a posse do novo governante, mas se esqueceu de que essa é uma data em que as pessoas estão reunidas com suas famílias, o que dificulta a participação popular e a vinda de representantes de outras nações.

“No dia da posse gostaria de fazer uma grande festa com a participação efetiva da população. Mas se isso não for possível, não tem problema, tenho coisa mais importante para resolver”, afirmou Lula. Ele vai ficar na Granja do Torto, que possivelmente será utilizada como residência oficial durante o seu mandato. Bem humorado, Lula brincou com os repórteres, dizendo que a capacidade organizativa da imprensa em uma entrevista é zero, numa referência ao tumulto causado por jornalistas para tentar entrevistá-lo durante o desembarque.

Mudanças

Flores, frutas e uma bela faxina nos jardins. Todos os cuidados foram tomados na preparação da residência oficial da Granja do Torto para que tenha muito conforto a primeira estada do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e da futura primeira-dama, Marisa Letícia. Além dos cuidados estéticos e gastronômicos, a segurança já foi reforçada. Ontem, uma das ambulâncias que acompanham o presidente Fernando Henrique Cardoso em todos os lugares quando está em Brasília foi deslocada para a Granja do Torto.

O movimento de funcionários, jardineiros e entregadores durante o dia foi intenso. Logo de manhã, um batalhão de jardineiros da Novacap (empresa de conservação e limpeza do governo do Distrito Federal), com cortadores de grama e tratores, deu os últimos retoques nos jardins internos e externos da casa. À tarde, além da entrega de frutas e flores, técnicos de uma empresa de televisão a cabo entraram na residência. Para enfeitar as salas, a administração da casa pediu flores tropicais: antúrios, helicônias e folhagens silvestres. Serão distribuídas em vasos nos cômodos.

Sem conhecer ainda o paladar e a preferência do futuro presidente e de sua mulher, os funcionários responsáveis pelo bom funcionamento da granja não arriscaram. Encomendaram variedades de frutas frescas da estação: laranjas pêra e lima, banana prata, figo, kiwi, manga, melão, melancia, uva, mamão formosa e papaia, maçã, pêra, morango e abacaxi.

PT já admite adiamento

Brasília

e Belo Horizonte (AG) – Apesar da reação do presidente Fernando Henrique à proposta de mudança da data da posse, na equipe de transição do PT do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a idéia ganha força. Embora o coordenador Antônio Palocci diga ser indiferente à mudança, o coordenador-adjunto, Luiz Gushiken, defendeu a proposta e disse que pretende explicar sua opinião à comissão especial da Câmara que analisa a mudança.

– Quanto mais chefes de Estado na posse, mais se fortalece a posição do Brasil no exterior. Mostra que há interesse no Brasil – disse Gushiken, acrescentando, porém, que o essencial é que Lula tome posse. O líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), puxou o tema no plenário anteontem, dizendo ser contra a mudança. Ele pediu a Lula que encerre a polêmica.

– Faço um apelo para que o próprio Lula dispense essa cortesia e facilite a organização de sua festa – disse o tucano. Os senadores petistas Eduardo Suplicy (SP) e Heloísa Helena (AL), presentes no momento do debate, preferiram não polemizar. Heloísa lembrou que a proposta de adiar a posse é do tucano Aécio Neves (PSDB-MG). O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), encerrou a discussão defendendo a mudança e afirmando que é preciso tomar logo uma posição política nesse sentido sob risco de inviabilizar a festa da posse que precisa ser organizada.

Nota

Em nota oficial, o PT negou ontem que o objetivo de Lula ao tentar adiar a data da posse seja garantir a presença do presidente de Cuba, Fidel Castro.

Estrutura supera Planalto

Rio

(AG) – A estrutura da Presidência da República transcende o Palácio do Planalto. Há órgãos diretamente ligados ao presidente que ficam em outro endereço, até por uma questão de espaço. No Planalto propriamente ficam a Chefia de Gabinete; o Cerimonial; a Assessoria Especial; a Secretaria de Imprensa e Divulgação; a Advocacia-Geral da União; a Casa Civil; a Secretaria-Geral; o Gabinete de Segurança Institucional (antiga Casa Militar); a Comissão de Ética Pública; e o Conselho Nacional Antidrogas.

Na Esplanada dos Ministérios ficam a Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano, que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve transformar em Ministério das Cidades; a Secretaria de Comunicação; o Conselho Nacional de Política Energética; o Conselho do Programa Comunidade Solidária; e a Controladoria-Geral da União, criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

No Setor de Indústrias Gráficas fica a Imprensa Nacional, que já foi vinculada ao Ministério da Justiça. No Setor Comercial e de Rádios Norte fica a Radiobrás.

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