Lula impressiona elite financeira

São Paulo

(Das agências) – O presidente da Federação Brasileira das Assossiações de Bancos (Febraban), Gabriel Jorge Ferreira, ficou impressionado com o discurso “aberto e franco” do presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que reuniu-se ontem com cerca de 60 dirigentes na sede da entidade. “A impressão deixada foi das melhores. Toda a conversa foi extremamente tranqüila e clara quanto a não se tomar medidas que possam ser negativas ao mercado numa canetada”, disse.

Ferreira afirmou que a conversa, de mais de duas horas, entre os presidentes de bancos como Itaú, Bradesco e Citibank e Lula foi construtiva e tratou sobre vários temas sem nenhum problema. O presidente da Febraban não soube citar nenhum ponto de divergência entre os banqueiros e o PT. “Não houve nenhum ponto de divergência, talvez no tom apenas.”

Ferreira disse ainda que a proposta de Lula de aprofundar o papel do sistema financeiro no setor produtivo não é um problema. Segundo Ferreira, o candidato do PT quis saber dos banqueiros qual a melhor forma de dar crédito abundante ao setor produtivo a taxas de juros menores. “Dissemos que primeiro é preciso reduzir a dependência externa, depois estimular a poupança interna e os fundos.”

Acompanhado dos assessores econômicos, Guido Mantega e o deputado Aloisio Mercadante, Lula ainda respondeu perguntas dos banqueiros sobre as reformas da previdência, trabalhista, tributária e assuntos sobre carga fiscal e intermediação financeira. O acordo com o FMI não foi citado a não ser quando o candidato citou seu encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso anteontem. Ferreira afirmou ainda a preocupação demonstrada por Mercadante de rever o compulsório, a carga fiscal dos bancos e a lei de falências , que dificultam a execução de garantias. Além do presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, participam do encontro, o diretor executivo do Bradesco, Décio Tenerello; e os presidentes do Unibanco, Pedro Moreira Salles; do ABN, Fábio Coletti Barbosa; do Itaú, Roberto Setúbal, e do Citibank, Gustavo Marín.

Foi a primeira visita de Lula à Febraban em mais de 20 anos de política em que o presidenciável defendeu que o sistema financeiro brasileiro contribua mais com o setor produtivo. “O setor deveria aplicar menos em títulos do governo e mais na produção”, disse. O problema, segundo Lula, é que o Brasil possui uma poupança interna pequena (17,5% do PIB) e uma “certa” inadimplência, o que leva “o sistema financeiro a praticamente sustentar o governo, comprando sua dívida”.

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