Lula e Serra já correm atrás de novas alianças

São Paulo

– Apesar da votação consagradora, o resultado da eleição de domingo decepcionou o candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que teve 46% dos votos contra 23% do segundo oponente, José Serra, do PSDB. Lula declarou ontem que esperava ter vencido no primeiro turno. Agora, tanto ele quanto Serra correm atrás de novos apoios para uma segunda eleição, mais curta e decisiva.

O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse ontem que entrou em contato com adversários derrotados no primeiro turno, Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS). Os dois manifestaram-se interessados em apoiar Lula, mas há problemas. Garotinho quer que o PT revise suas alianças à direita, como a feita com o PL e concessões a caciques como Antônio Carlos Magalhães, eleito senador na Bahia, e José Sarney, cuja filha Roseana foi eleita senadora no Maranhão.

O PT já respondeu que não vai mexer nas alianças. No caso de Ciro, há o interesse dele apoiar Lula, mas o presidente de seu partido, o PPS, Roberto Freire, inclina-se em apoiar Serra. De qualquer forma o PPS vai se reunir provavelmente amanhã para decidir se haverá apoio em bloco ou se os líderes serão liberados. O PDT de Brizola já queria apoiar Lula ainda no primeiro turno, portanto não haverá surpresa. O mesmo não deverá ocorrer com o PTB. As negociações, no entanto, terão de ser rápidas, porque o segundo turno será no próximo dia 27 e ontem mesmo os dois candidatos já estavam em nova campanha.

José Dirceu disse que já procurou Miguel Arraes (PSB), Leonel Brizola e programou um encontro entre Lula e Itamar Franco, do PMDB. Lula disse que “as alianças serão negociadas pelo partido, e não pelo candidato”. Lula acredita que tanto Ciro quanto Garotinho vão subir em seu palanque. E Dirceu anunciou a disposição de “organizar as oposições para fazer com que os 76% de eleitores que votaram em Garotinho e Lula estejam juntos no segundo turno”.

Serra tem agora a chance de consertar erros do primeiro turno e recompor o partido, que se dividiu. Trazer de volta Tasso Jereissati, eleito senador pelo Ceará, é uma prioridade. Outra é convencer governadores eleitos no primeiro turno como Aécio Neves (Minas Gerais) e Marconi Perillo (Goiás), a se engajar na campanha. Além de buscar apoio de partidos que sustentaram o governo FHC e que não se identificam com o PT, como é o PTB e o PFL.

O criticado coordenador da campanha de Serra, ex-ministro Pimenta da Veiga se demitiu ontem para facilitar a direção para o segundo turno. Caberá aos presidentes do PSDB, José Aníbal, e do PMDB, Michel Temer, alinhavar as amarrações. Eles fazem parte do pelotão que tanta falta fez à campanha de Serra nos últimos meses, porque voltados para as próprias candidaturas ao Legislativo. “Tasso Jereissati vai estar conosco”, disse o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin. Além disso, Serra deverá contar com maior empenho do presidente FHC.

O PMDB procura mais empenho de nomes que flutuaram durante a campanha: Newton Cardoso, candidato derrotado em Minas Gerais, o ex-governador goiano Íris Rezende, que apoiava o peemedebista Maguito Vilela em Goiás, e Luiz Henrique da Silveira, que está no segundo turno em Santa Catarina contra atual governador Espiridião Amin (PPB). Os tucanos também vão correr atrás do PFL. O presidente do partido, Jorge Bornhausen (SC), deve convocar nova discussão sobre o tema. “Serra e eu caminhamos juntos nesta campanha. É claro que meu apoio já está dado”, disse o senador Romeu Tuma (PFL), reeleito em São Paulo.

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