Jobim começa negociação para conselho regional de defesa

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou nesta quarta-feira (9) que iniciará na próxima semana uma série de visitas aos países da América do Sul para fazer contatos destinados a instituir um conselho sul-americano de defesa. "O objetivo é formular, no médio ou talvez no longo prazo, uma identidade sul-americana na defesa, para que o continente seja forte", destacou durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores.

Esse conselho, explicou Jobim, viabilizaria ações como a realização de exercícios militares conjuntos, a participação coletiva em ações da Organização das Nações Unidas (ONU) e uma eventual integração das bases industriais de defesa.

Questionado pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), autor do requerimento para a realização da audiência, Nelson Jobim classificou a proposta de criação do conselho como uma aliança "heterodoxa", que não pode ser comparada com alianças "clássicas", como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada em 1949 no contexto da Guerra Fria. "Não há, neste caso, a figura de um inimigo comum", destacou o ministro.

Aparelhamento das Forças

Durante a audiência, Jobim afirmou ainda que o reaparelhamento das Forças Armadas é um dos principais projetos da sua pasta, mas deverá ser discutido conforme critérios relativos às tarefas que serão desenvolvidas pelas Forças Armadas. "Os equipamentos devem ser instrumentos para a realização de tarefas, não devem antecipá-las", definiu. "Nessa fórmula, você coloca o equipamento como conseqüência da modelagem que fixarmos no debate."

Para o ministro, o fato de o Brasil participar de duas das três "vertentes" na América do Sul, a Amazônica e a Platina (a outra é a Andina), deve ser levado em consideração na escolha do armamento, assim como a realidade geográfica. "Não podemos colocar blindados na Amazônia, porque eles afundam", disse.

Reajustes

Em relação ao reajuste dos militares, o ministro da Defesa informou que se reunirá na próxima quarta-feira (16) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para discutir o assunto. Segundo ele, um complicador na negociação é o fato de as Forças Armadas terem 2/3 de seus componentes na ativa, enquanto 2/3 das despesas são relacionados ao pagamento de inativos (aposentados e pensionistas). "Isso ocorre porque a pessoa se aposenta em uma faixa maior de renda", concluiu.

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