São Paulo – Ao depor ontem na polícia para dar explicações sobre a entrevista forjada veiculada no Domingo Legal, o apresentador Gugu Liberato teria procurado responsabilizar, indiretamente, o SBT pela exibição da fita em que dois atores interpretam bandidos e ameaçam de morte jornalistas e políticos. Gugu, segundo a polícia e deputados que acompanharam o depoimento, dissera ser “apenas um apresentador” e que a exibição do programa está sob responsabilidade da emissora. Ele considerou ainda que sua equipe foi “ingênua e induzida ao erro”. Gugu chegou à sede do Deic numa Blazer de vidros escurecidos e escoltado por seguranças particulares.
– Trabalho há 30 anos no SBT, mas sou apenas apresentador. A responsabilidade pela exibição do programa é da emissora. A minha equipe foi ingênua e induzida ao erro, provavelmente pelo próprio Barney – teria dito Gugu, segundo o deputado Vanderlei Siraque (PT), da Comissão de Segurança Pública da Assembléia de São Paulo e que acompanhou o depoimento do apresentador.
Gugu teria, ainda, levantado suspeitas sobre o produtor de pegadinhas Hamilton Tadeu dos Santos, o Barney, que confessou ter recebido R$ 3 mil para produzir a farsa e cuja prisão preventiva foi pedida ontem. Barney ameaçou de morte uma testemunha durante a elaboração do inquérito. O produtor ameaçou um outro ator que se negou a receber R$ 1.800 para participar da farsa e chegou a dizer que contaria isso à polícia.
Culpa
O advogado do apresentador, Adriano Sales Vanni, negou que ele tenha responsabilizado o SBT pela exibição da falsa entrevista. De acordo com Vanni, Gugu confia na experiência de sua equipe e nunca culpou a emissora pela veiculação da entrevista. Na semana passada, segundo fontes da emissora, o apresentador teria sido repreendido pelo dono do SBT, Silvio Santos, durante reunião reservada de três horas.
Ainda no Deic, o deputado petista Vanderlei Siraque reafirmou que o apresentou “tentou jogar a culpa toda sobre a emissora”.
– Ele jogou a culpa sobre o Alfa, o Beta, o próprio SBT e se eximiu de qualquer responsabilidade – disse o deputado Siraque.
O promotor do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Roberto Porto, disse que o inquérito policial será agora encaminhado à Promotoria de Osasco, que decidirá se o apresentador será ou não responsabilizado pela farsa.