Governo mobiliza população para recolher inseto da Doença de Chagas

A Secretaria estadual da Saúde está mobilizando a população para o recolhimento do inseto causador da doença de Chagas, o barbeiro. Por orientação da Secretaria, qualquer inseto suspeito de ser o barbeiro deve ser capturado, sempre com as mãos protegidas para evitar contatos diretos, e acondicionado em recipientes herméticos, para entrega no Posto de Informação de Triatomíneos ? PIT – mais próximo. No Paraná há inúmeros PITs instalados em secretarias municipais e postos de saúde, escolas, igrejas, etc.

Segundo a veterinária Themis Valéria de Souza Baptista, responsável pelo Programa de Controle da Doença de Chagas da Secretaria, a intenção dessa campanha é evitar a transmissão vetorial pelo Triatoma infestans, atualmente interrompida no Estado, mas que continua sendo muito importante para a vigilância entomológica, já que, achados de espécies autóctones e potencialmente vetores da doença de Chagas aumentam o risco de transmissão.

?Um sistema estruturado de notificação pela população da presença de barbeiros ? triatomíneos – nas casas é comprovadamente o método mais sensível para o monitoramento da infestação domiciliar e controle da doença?, explica a veterinária.

Ela disse que a prevenção e o controle da doença implicam na adoção de medidas efetivas, entre as quais ações educativas que permitam a transformação da realidade sócio-sanitária e que estimulem discussões sobre formas de prevenção, tratamento e controle da doença de Chagas e seus agravos.

O efetivo controle da doença de Chagas realizado no passado, por equipes da Sucan e pela Funasa, livrou a situação epidemiológica do agravo. Entretanto, a herança deixada pela fase anterior se reflete, ainda hoje, em muitos casos crônicos nas diversas formas da doença, em 250 óbitos e na constatação anual, em média, de 160 doadores inaptos nos bancos de sangue do Paraná.

A transmissão

Infecciosa e parasitária, a doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi e transmitida por triatomíneos ? o bicho barbeiro. Esta é a transmissão vetorial da doença, porém, há outras formas de transmissão da doença – transfusional e transplacentária (congênita).

A transmissão oral da doença de Chagas ao ser humano é hoje uma importante via causadora de morbidade. Ela se dá pelo consumo de alimentos contaminados com o parasito, principalmente a partir de triatomíneos e ou de suas dejeções. Esse tipo de transmissão também pode ocorrer devido a ingestão de carne de caça – crua ou mal cozida – ou de alimentos contaminados por urina ou secreção anal de marsupiais infectados.

Os sintomas

Na transmissão vetorial, a doença geralmente evolui de forma aguda ou crônica. A partir da contaminação pelo Trypanossoma cruzi, instala-se a fase aguda, geralmente acompanhada de febre, com duração média de 4 a 8 semanas. A doença pode passar praticamente despercebida – com sintomas leves – ou apresentar alterações no coração, fígado, baço e sistema nervoso. Esta fase é mais grave que, se não for tratada, em crianças de baixa idade e pessoas imunodeprimidas pode levar a morte.

Aos poucos a febre declina e desaparecem os demais sintomas. É o início da fase crônica, assintomática, que pode durar décadas e permanecer até a morte, sem que as alterações sejam perceptíveis, em avaliações clínicas – exame físico, eletrocardiograma e RX ? do infectado.

Entre 20 e 30% dos chagásicos desenvolvem alterações cardíacas e de 10 a 15%, no esôfago e/ou intestino grosso. E há pacientes que evoluem para a forma cardiodigestiva.

No coração, a infecção crônica provoca principalmente desordens cardíacas e insuficiência progressiva da função circulatória. Essa é a forma mais grave da doença e a que leva à morte inúmeros casos. O infectado incha, tem falta de ar e canseira aos menores esforços, sente palpitações e perda de consciência.
Quando acomete o esôfago ocorrem dilatação e desordens motoras no órgão, ocasionando grande dificuldade à deglutição – ?mal de engasgo? ou ?embuchamento?. No intestino, que também se dilata, ocorre uma progressiva prisão de ventre, que pode chegar a uma semana ou mais.

Voltar ao topo