Brasília – A bancada de sete deputados do PV decidiu ontem deixar a base do governo e tornar-se independente. A gota d’água para o desligamento da base de sustentação do governo foi o índice de desmatamento na Amazônia anunciado anteontem pelo Ministério do Meio Ambiente, o segundo maior da História. O vice-líder do PV Edson Duarte (BA) disse que o partido está descontente com a política ambiental do governo Lula e citou entre os episódios de descontentamento a aprovação do projeto de biossegurança seguido da sanção presidencial; a concessão de licenciamento ambiental pelo Ibama para o início das obras de transposição do rio São Francisco; e a suposta falta de transparência no programa nuclear.
"Há muito tempo o PV já estava insatisfeito com o governo Lula. Lamentamos pela ministra Marina Silva, que está isolada no governo. Não iremos para a oposição ao governo Lula, mas vamos ficar independentes", afirmou Edson Duarte. Além de Edson Duarte, fazem parte da bancada do PV os deputados Marcelo Ortiz (SP), líder do partido, Leonardo Matos (MG), Josino Cândido (SP), Fernando Gabeira (RJ), Sarney Filho (MA) e Vitório Mediolli (MG). O anúncio oficial do desligamento foi durante a tarde, na Câmara.
O rompimento com o governo significa "total independência", e, de acordo com o líder do partido na Câmara, Marcelo Ortiz (SP) , "integral apoio" à comissão parlamentar de inquérito (CPI) que deverá apurar denúncia de corrupção nos Correios.
Segundo o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), não houve uma "gota d’água" para a interrupção de relações, "houve um oceano". Ortiz afirmou que a agremiação apóia essa CPI "e outras que vierem". Ele disse que, antes de anunciar o afastamento, os deputados conversaram com o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (SP), mas não falaram com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, porque ele está no exterior. Tentaram ser recebidos pelo chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, mas não conseguiram.